Introdução
Vivemos um tempo em que muitos cristãos sinceros buscam um relacionamento mais íntimo com Deus. No entanto, nesse desejo legítimo, surgem movimentos e práticas que, embora embalados em linguagem bíblica e adventista, escondem elementos estranhos às Escrituras. Um desses movimentos é o chamado “Momentos a Sós com Cristo” (MASCC), fundado por Alcênio Elpídio.
Apresentado como uma forma especial de comunhão com Jesus, o MASCC promove práticas que misturam misticismo e carismatismo sob uma roupagem adventista. Suas ideias encantam especialmente pessoas fragilizadas emocionalmente, oferecendo uma sensação imediata de conforto espiritual. Mas o que parece inofensivo na superfície esconde perigos profundos.
Este estudo tem como objetivo alertar o povo adventista para a infiltração sutil do misticismo em nosso meio, comparando os ensinamentos desse movimento com a Palavra de Deus, o Espírito de Profecia e as Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Com respeito, mas com firmeza, analisaremos:
As bases não bíblicas do MASCC,
A distorção dos escritos de Ellen G. White,
O ataque à supremacia das Escrituras,
E os riscos espirituais envolvidos nessa prática.
Nosso chamado é claro: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." (Isaías 8:20)
1. A Busca Sincera e o Perigo Oculto
O ser humano, criado para viver em comunhão com Deus, traz no coração uma sede natural por um relacionamento íntimo com o Criador. Especialmente em tempos de crise espiritual e emocional, muitos cristãos sinceros anseiam por algo mais do que uma religião teórica; buscam uma experiência viva com Jesus. Esse desejo legítimo, porém, pode ser explorado de maneira perigosa.
A história da igreja cristã mostra que sempre que a fé bíblica é enfraquecida, surgem movimentos místicos prometendo "experiências profundas" com Deus, mas afastando as pessoas da simplicidade e segurança das Escrituras. Foi assim no surgimento do monasticismo medieval, nos movimentos carismáticos modernos e, agora, de maneira sutil, também dentro do meio adventista.
O movimento "Momentos a Sós com Cristo" (MASCC) é um exemplo disso. Sob a aparência de uma prática espiritual saudável, ele introduz princípios que não são ensinados pela Bíblia. Enfatiza sentimentos subjetivos acima da Palavra escrita, desprezando as instruções claras dadas por Cristo e pelos profetas.
A Bíblia, no entanto, nos adverte:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)
"Examinem todas as coisas, retenham o que é bom." (1 Tessalonicenses 5:21)
A busca por comunhão com Deus deve ser regulada e orientada pelas Escrituras, e não pelas impressões pessoais ou métodos humanos.
O perigo do MASCC está justamente em apresentar-se como resposta à fome espiritual, mas afastar o crente da verdadeira base da fé: o "Está escrito".
2. O Que é o “Momentos a Sós com Cristo” (MASCC)
O "Momentos a Sós com Cristo" é uma prática que propõe ao participante reservar diariamente um tempo de pelo menos 20 minutos a sós com Jesus. A proposta parece nobre à primeira vista. No entanto, há regras que tornam a prática problemática:
Não se pode pedir nada a Deus.
Não se deve agradecer.
Apenas se deve "conversar" com Jesus, falando da vida.
A justificativa é que, segundo eles, "quando conversamos com amigos, não ficamos pedindo ou agradecendo, apenas conversamos". Assim, o MASCC tenta redefinir o relacionamento com Jesus com base em uma visão humanizada de amizade, e não com base na revelação bíblica.
Além disso, líderes e participantes do movimento ensinam que a Bíblia não é a única Palavra de Deus, abrindo espaço para outras “revelações pessoais” como sendo equivalentes ou superiores à Bíblia.
Esses princípios deturpam tanto a natureza da oração quanto o princípio da autoridade das Escrituras.
3. Um Evangelho Emocional: Misticismo e Carismatismo Disfarçados
O MASCC promove um tipo de espiritualidade centrada nos sentimentos pessoais, não na verdade objetiva revelada.
Esse é um dos traços do misticismo religioso: a busca de Deus através de experiências internas subjetivas, desligadas da Palavra. Ellen White alertou contra isso ao dizer que a religião de Cristo significa algo mais que a formação do caráter; significa transformação completa da natureza humana (O Grande Conflito, p. 478).
Semelhante também ao carismatismo, o MASCC valoriza "sentir a presença" de Jesus acima de confiar em Sua Palavra. Isso torna a fé vulnerável a enganos, pois Satanás pode manipular sentimentos, mas não pode invalidar a Bíblia.
Esse tipo de evangelho emocional:
Rebaixa a autoridade da Bíblia;
Torna o crente dependente de estados emocionais;
Prepara terreno para falsas manifestações espirituais.
4. A Amizade com Jesus Segundo a Bíblia
O movimento MASCC redefine amizade com Jesus de modo antibíblico.
A Bíblia ensina que ser amigo de Jesus envolve obediência consciente à Sua Palavra, não apenas uma conversa sentimental:
"Vocês são meus amigos se fazem o que eu lhes ordeno." (João 15:14)
Jesus, em Sua própria oração, o Pai Nosso, ensinou-nos a pedir: "O pão nosso de cada dia nos dá hoje." (Mateus 6:11)
Os salmistas também pediam e agradeciam constantemente em suas orações.
Reduzir a amizade com Deus a um bate-papo informal é esvaziar o peso e a santidade do relacionamento que Ele estabeleceu conosco.
5. A Supremacia das Escrituras e o Ataque Velado
A Crença Fundamental nº 1 dos Adventistas declara:
"As Escrituras Sagradas são a revelação infalível de Sua vontade. Elas são o padrão do caráter, a prova da experiência, o revelador autorizado de doutrinas, e o relato digno de confiança dos atos de Deus na história."
Ao ensinar que a Bíblia não é a única Palavra de Deus, o MASCC mina essa base doutrinária. Com isso:
Coloca revelações subjetivas acima da Escritura.
Abre caminho para novos erros e heresias.
Enfraquece o princípio do Sola Scriptura, fundamental ao adventismo.
Ellen White alertou dizendo que Satanás está empregando toda sorte de enganos para tirar a mente do povo de Deus da verdade. (Eventos Finais, p. 87).
6. Distorções do Espírito de Profecia
O MASCC frequentemente cita textos de Ellen White fora de contexto para justificar suas práticas.
Por exemplo, frases sobre "comunhão pessoal com Jesus" são arrancadas de seu contexto, que sempre pressupõe oração reverente, estudo diligente da Bíblia e submissão à vontade de Deus.
Ellen White, na realidade, exaltava a Bíblia acima de qualquer experiência:
"Deus nos falou em Sua Palavra. Poderemos não pedir outra evidência." (O Grande Conflito, p. 69).
Torcê-la para legitimar práticas místicas é um grave desrespeito ao dom profético.
7. Quem são os Mais Vulneráveis?
O MASCC tem grande apelo sobre pessoas emocionalmente fragilizadas:
Pessoas feridas emocionalmente;
Solitários buscando conforto;
Indivíduos em crise de fé.
Esses irmãos precisam de apoio espiritual e emocional bíblico, não de práticas que exploram suas vulnerabilidades.
É como um inseto na teia da aranha: o misticismo os prende com promessas de cura interior, enquanto, silenciosamente, os afasta da verdade da Palavra.
8. Riscos e Consequências Espirituais
O envolvimento com movimentos como o MASCC traz sérios riscos espirituais:
Substituição da Bíblia por emoções e impressões pessoais.
Vulnerabilidade ao engano espiritual.
Preparação para aceitar sinais e maravilhas falsas.
Distanciamento da mensagem adventista e das três mensagens angélicas.
É uma estrada perigosa, que termina na perdição, a menos que haja arrependimento e retorno à Palavra.
9. Comprometimento da Missão Evangelística
Outro ponto crítico relacionado ao movimento "Momentos a Sós com Cristo" é o seu impacto negativo sobre a missão evangelística da igreja. Observa-se que, nos lugares onde esse movimento ganha força, o envolvimento da membresia com o evangelismo público, o discipulado e o cumprimento da missão profética da Igreja Adventista do Sétimo Dia tende a enfraquecer visivelmente. A ênfase excessiva na experiência mística e subjetiva do indivíduo com Cristo, desvinculada do estudo bíblico profundo e da obediência prática, desvia a atenção da missão prioritária confiada à igreja: proclamar as três mensagens angélicas (Apocalipse 14:6-12). Quando a experiência espiritual é desconectada da missão, ela se torna estéril, introspectiva e, muitas vezes, alienada da realidade do campo missionário. Isso contradiz o modelo bíblico e profético deixado por Cristo e pelos pioneiros adventistas, cuja comunhão com Deus sempre resultava em ação missionária direta.
10. Conclusão: O Clamor pela Volta ao “Está Escrito”
O movimento "Momentos a Sós com Cristo" é um perigo silencioso no meio adventista. Atrai pelo apelo emocional, mas destrói as bases sólidas da fé em Cristo e em Sua Palavra.
A resposta para nossa fome espiritual não está em experiências subjetivas, mas em uma entrega completa à Bíblia e ao Espírito Santo.
Deus está chamando Seu povo para voltar ao "Assim diz o Senhor", e rejeitar toda forma de misticismo disfarçado de piedade.
Que oremos e vigiemos, pois a palavra final é clara:
"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." (Isaías 8:20)
Preocupações de líderes adventistas com práticas místicas e subjetivistas
Embora não haja pronunciamentos oficiais da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre o movimento Momentos a Sós com Cristo, líderes respeitados da denominação têm se manifestado publicamente contra práticas semelhantes, geralmente ligadas ao misticismo, oração contemplativa e espiritualidade subjetiva, que se infiltram sorrateiramente em movimentos modernos.
1. Ted Wilson (Presidente da Associação Geral)
Em uma declaração oficial durante o Concílio Anual de 2010 e em diversos sermões desde então, Ted Wilson tem alertado contra a infiltração de práticas místicas não bíblicas entre os adventistas:
“Evitemos qualquer envolvimento com práticas espiritualistas como a oração contemplativa, espiritualidade centrada, meditação oriental e disciplinas espirituais que não sejam baseadas nas Escrituras.”
(Discurso no Concílio Anual da Associação Geral – 2010)
2. Pr. Rick Howard – Livro The Omega Rebellion
Howard, um pastor adventista de longa carreira, publicou um livro amplamente repercutido no meio adventista, advertindo contra a “formação espiritual” e a entrada de práticas contemplativas místicas na igreja.
“Estamos vendo a repetição da apostasia do ‘Alfa’ dos dias de Kellogg, agora sob a forma do ‘Ômega’ – uma espiritualidade mística que substitui a fé na Palavra de Deus por experiências subjetivas.”
Fonte: The Omega Rebellion, 2010 – Pacific Press Publishing Association