sábado, 9 de fevereiro de 2019

A disciplina na IASD segundo o Manual da Igreja

Como minimizar os equívocos eclesiásticos no tocante à disciplina?

Como fazer as igrejas cumprirem seu papel primário na disciplina eclesiástica?


INTRODUÇÃO

O manual segue a bíblia e o Espírito de profecia para falar do assunto e por isso vamos abordar com base neles.
Como disse o psiquiatra Içami Tiba, “É difícil dar um novo significado a algo já consagrado como disciplina.” Foi atendendo a esta proposta que se faz necessário descobrir quais os verdadeiros passos a se tomar e assim minimizar os equívocos que as igrejas normalmente comentem ao aplicar a disciplina ao se deparar com um irmão em falta. O que a igreja deve fazer? Biblicamente falando, qual é a finalidade da disciplina eclesiástica? Qual seu processo? Será que Deus disciplina o pecador baseado nos conceitos do senso comum?

O CONCEITO
O que é disciplina?
Para que se possa adentrar no assunto de disciplina eclesiástica, será necessário conhecer o conceito básico da palavra disciplina.
A palavra disciplina possui diversos conceitos e alguns destes conceitos se tornam desconhecidos para muitas pessoas. Porém, é imprescindível que a comunidade eclesiástica tenha seu devido conceito bem esclarecido para tomar decisões que sejam assertivas, pois estará lidando com pessoas.
No dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, a palavra disciplina é conceituada como: “Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao Instrutor; Ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização (militar, escolar etc.); Observância de preceitos ou normas. Ensino, instrução, educação.

Enquanto que, o dicionário de filosofia Abbagnano, aborda, em um de seus conceitos, disciplina como “função negativa ou coercitiva de uma regra ou de um conjunto de regras, que impede a transgressão à regra.”

É notável que no senso comum a palavra disciplina tenha uma definição de autoritarismo, talvez devido a falta de diálogo entre a partes disciplinada e a disciplinadora, como também, a falta de conhecimento do conceito da palavra, o que torna dificultoso mudar o pensamento da membresia que já a entende de maneira negativa, trazendo este conceito errôneo para dentro da igreja, seus reflexos são visíveis ao lidar com uma pessoa que infringiu as regras.
A Bíblia também apresenta o seu conceito sobre a disciplina e por ela ser a única autoridade da Igreja, iremos iniciar abordando os conceitos apresentados pela Bíblia. Consequentemente, não deixaremos de abordar, em cada tópico apresentado, o que consta nos escritos inspirados do Espírito de Profecia.

DISCIPLINA

1. Deus disciplina porque ama

A bíblia deixa claro que Deus faz uso da disciplina. Ele foi o primeiro a fazer uso deste recurso quando ainda no céu (Ez. 33:7-9) e através de seu ato e motivação, Deus pretende que se aprenda com Ele.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19). Este verso, por exemplo, faz uma alusão ao que está escrito em Provérbios 3:12 onde diz que “O SENHOR repreende a quem ama”. Em Apocalipse, por exemplo, João está escrevendo à última igreja das sete que Deus havia escolhido para recebê-las.
O ato de Deus ao disciplinar possui uma conotação de amabilidade, independentemente da situação em que a pessoa se encontra, se ela é fiel ou infiel. O amor de Deus está em todos os seus atos, inclusive o da disciplina.
Segundo Agostinho, Se não recebemos disciplina não somos filhos de Deus. Isso nos mostra a importância da disciplina para Deus. Nenhum pai permitiria que seu filho encostasse num fio de alta tensão, mesmo que para isso ele tivesse que repreendê-lo. Isso acontece porque ele o ama.
Deus amava a Moisés e por amá-lo, quis o melhor para ele. Moisés, entendendo esse amor, se permitiu ser disciplinado pelo Senhor. Ellen White escreve que “As pessoas que recusam avançar até que vejam todo passo claramente assinalado à sua frente, nunca efetuarão muita coisa; mas todo homem que manifesta sua fé e confiança em Deus submetendo-se voluntariamente a Ele, suportando a disciplina divina que lhe é imposta, tornar-se-á um obreiro de êxito para o Senhor da vinha. Em seus esforços para habilitar-se a ser cooperadores de Deus, os homens com frequência se colocam em tais posições que os inabilitam completamente para a moldagem e modelação que o Senhor deseja dar-lhes. Não são, pois, portadores, como Moisés, da semelhança divina. Submetendo-se à disciplina de Deus, Moisés tornou-se um instrumento santificado por cujo intermédio o Senhor podia operar.” (Fundamentos da Educação Cristã, 345).
Ao Deus falar em provérbios e até mesmo em Apocalipse, podemos por inferência e dedução, aplicar este amor à sua igreja atual. Apesar de ser falha e defeituosa, a igreja inteira ainda é objeto de busca do amor do Senhor. “Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados por preço infinito, e estão vinculados a Ele pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado.” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 260)
O guia para ministros deixa claro que “o amor precede o castigo” e por isso, conhecer do amor de Deus e em que é pautado a sua disciplina é primordial para o verdadeiro cristão e principalmente para o pastor da igreja. 

2. Os pais devem disciplinar os filhos

Como vimos anteriormente, Deus ama o ser humano e por amar é que ele o disciplina. Não como um desconhecido, mas como um pai, ou seja, possui um vínculo íntimo do disciplinador e do disciplinado. Deus recomenda, através da Bíblia, que os pais terrestres disciplinem seus filhos.
“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.” (Provérbios 13:24).

Este é um dos textos em que o autor bíblico faz uma conexão entre castigo e disciplina. Ao não fazer o uso da vara, o pai estaria negligenciando o seu papel de disciplinador.

A vara traz uma representação do que seria um castigo. No Antigo Testamento, a vara era utilizada pelos pastores para puxar uma ovelha que estivesse se distanciando do bando ou até mesmo resgatá-la de algum lugar onde era impossível chegar. Em suma, ela era utilizada para a ovelha que estava fora dos limites.

O termo hebraico utilizado em provérbios 13:24 para vara é usado em outras ocasiões como se fosse uma vara de disciplina usada por alguém numa posição de autoridade, como no caso do castigo corretivo de um pai (Pv 13.24; 22.15; 23.13, 14; 29.15), da aplicação de uma pena por uma autoridade pública (10.13) ou de Deus (Jó 21.9; 37.13). Só utiliza a vara quem tiver autoridade.

Ao abordar a disciplina bíblica num conceito mais preventivo, podemos encontrar em Deuteronômio 6:7 em que Moisés escreve ao povo hebreu para eles inculcarem na mente dos seus filhos a lei do Senhor e falar dela “assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” O que indica que após os pais hebreus entenderem do amor de Deus e Sua lei, deveriam repassar a seus filhos a todo instante. Este ensino deveria permear a vida da família hebreia e isso é ser um disciplinador.

Ellen White esclarece esta atribuição dos pais com o seguinte parágrafo:
“Depois da disciplina do lar e da escola, todos terão de enfrentar a severa disciplina da vida. Como enfrentá-la sabiamente, é a lição que se deve explicar a toda criança e jovem. É verdade que Deus nos ama, que Ele está trabalhando para a nossa felicidade, e que, se Sua lei tivesse sempre sido obedecida, jamais teríamos conhecido o sofrimento; não menos verdade é que neste mundo, como resultado do pecado, sobrevêm à nossa vida sofrimentos, perturbações e cuidados.” (Educação, 295).

Talvez os pais já reconheçam este amor e a Sua importância para seus filhos, mas o que é ressaltado nesta citação do livro Educação é que cabem aos pais a transferência do funcionamento da disciplina divina a seus filhos. Deus deseja a felicidade do ser humano e esta felicidade depende da harmonia com Sua lei. Quando se infringe a Lei de Deus sofrem-se graves consequências. Enquanto esse filho está em idade de dependência total de seus pais, é obrigatoriedade de seus pais ensinarem seus filhos.

Um fato da vida é que não há maneira mais segura de arruinar o futuro de um menino que permitir que ele faça o que quiser. O ditado popular "Quanto mais cedo melhor" se encaixa perfeitamente na proposta bíblica. Um pai que realmente deseja bem ao seu filho o mantém sob estrita disciplina, para dar-lhe enquanto ele ainda é capaz de ser influenciado na direção certa e não permitir erros na raiz dele mesmo; mas aquele que é indulgente com o filho quando ele deve ser rigoroso, age como se ele realmente desejasse sua ruína.

3. Coloca em harmonia com a vontade de Deus

Outro conceito bíblico sobre disciplina é a que coloca a vontade de Deus no centro de nossas escolhas. Os autores bíblicos escrevem sobre a disciplina com o propósito final de obediência a Deus. Seja quem for o agente disciplinador, sua educação ou correção tem o objetivo de colocar o disciplinado no caminho correto, instruído por Deus.

Um texto bíblico que dá um panorama geral deste conceito é do Hebreus 12, onde seu autor, ao escrever para pessoas sofreram pacientemente a perda de seus bens e suportaram muitas humilhações, no entanto os acusa de indolência, porquanto se rendiam ao cansaço em meio à jornada, e não prosseguiam com coragem até a morte.

5e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco:
Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; 6porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 7É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?8Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.9Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?10Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.11Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.12Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos;13e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado.

Podemos observar neste texto que o autor de Hebreus se preocupa com a conduta de seus remetentes e por isso, coloca Deus acima da figura disciplinadora (os pais), mostrando a eles a importância de submeter-se a disciplina de Deus. Se a não aceitação da disciplina dos pais é um ato de rebelião, quem dirá negligenciar a disciplina do Criador de todas as coisas e mantenedor até das coisas que não se veem.

É obvio que os pais, na intenção de fazer o melhor, são deficientes em suas ações disciplinadoras. Mas Deus nunca erra! Possui todos os atributos conhecidos e desconhecidos para levar o ser humano em Sua direção. Por mais doloroso que possa ser, sua recompensa será um relacionamento reto com Deus e com o homem, no qual reinará suprema paz.

A autora Ellen White corrobora com este conceito e escreveu: “Deus deseja que Seu povo seja disciplinado e posto em harmonia de ação, para que se possam ter o mesmo ponto de vista e os mesmos sentimentos e o mesmo critério.” (Mente Caráter e Personalidade 1, 269).

Uma importante observação da autora é a de que Deus deseja disciplinar um povo e não uma única pessoa. Isso porque Ele deve ter um propósito. Uma igreja onde cada um faz o que quer, na hora que quer, não é um organismo vivo ideal como Deus deixou pré-estabelecido. Talvez seja por isso o Seu propósito em colocar à todos na mesma direção, de maneira que trabalhem harmonicamente para a Sua Obra.

Mais adiante, será apresentado da pessoa que está destoando dentro de um povo que caminha com o mesmo foco e ponto de vista, mesmos sentimentos e critérios, e como a Bíblia ensina a lidar com esta parte que incomoda todo o organismo (Igreja).

4. O esforço para ser disciplinado vem de cada um

Pode parecer estranho, mas a bíblia também ensina sobre a autodisciplina. Que por sua vez, tem um importante propósito na vida em comunidade. Segundo Stefano de Fiores, a autodisciplina é um elemento indispensável na colaboração e corresponsabilidade dos indivíduos que fazem parte de uma comunidade. Quem dirá biblicamente falando.

O texto bíblico mais cristalino para este tópico é o de Paulo ao escrever aos Coríntios. Ele se aproveita de um evento superimportante que estava ocorrendo na época, era os jogos de Istmo. E pelos coríntios estarem bem familiarizados com estes jogos, utiliza atletas como exemplo de serem autodisciplinados para alcançarem suas vitórias.

Parte desta ilustração está em 1 Coríntios 9:

24Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.
25Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível.26Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar.27Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.

A comparação é uma maneira falha de se apresentar o que é real, mas Paulo se utiliza de uma competição dos Jogos para compará-la a caminhada dos cristãos. Ele faz uma analogia dos atletas com os cristãos.

Paulo, ainda, se faz de exemplo para com os corintos ao dizer que além dele ser um competidor ele sabe exatamente como competir com eficácia. Tudo isso se dá as privações que ele aderiu no decorrer de seu ministério e hoje ele consegue vencer. Mesmo assim, vive em constante luta consigo mesmo ao dizer que “esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão” mostrando assim, seu firme propósito de obter vitória absoluta sobre todas as inclinações, paixões e tendências corruptas. Para ele não havia meio termo. Sabia que devia ser uma luta até o final, sem se importar com o sofrimento e a angústia da natureza terrena; o mal que lutava contra suas aspirações espirituais devia morrer.

A autodisciplina é algo que deve ser trabalhado no cristão, pois ela é bíblica. E assim como toda decisão é tomada na mente, o Grande Conflito ocorre justamente ali. Quem terá o controle da mente é o vencedor.

O cristão deve constantemente submeter a sua mente com as coisas que são de Deus, isso é o que a bíblia defende, e só assim crescerá no outro conceito de disciplina bíblica. Ellen White disse que “O esforço feito pelos jovens a fim de disciplinar a mente em busca de elevados e santos ideais, será recompensado.” (Conselhos sobre Educação, 149). E pode-se trocar a palavra “jovens” por “cristãos” facilmente. Pois não foi nada diferente disso que Paulo escreveu em Coríntios, em Filipenses 4, em Romanos 6, 15 e em tantos outros escritos seus.

Os pais dão a disciplina dos filhos, pois eles não têm maturidade para compreender que estão errando, mas na medida que ele cresce, deve se policiar e vencer essas tendências. O cristão a mesma coisa, quando sabe o que é certo e o que é errado, deverá autodisciplinar-se, porém certos de que, aquilo que não conseguem por si só, Deus fará como um pai faz com seu filho.

Nesta primeira parte foi abordado alguns conceitos amplos da disciplina na Bíblia e foi visto que ela possui diversas áreas de atuação, como dar ensinamento, correção, treinamento, repreensão e até mesmo autocontrole. Procurou-se nesta primeira parte teorizar mais e daqui em diante abordar aspectos cristãos mais práticos, num contexto eclesiológico.

Por se tratar de praticidade, outras literaturas eclesiásticas como o Manual da Igreja serão utilizadas para enfatizar os assuntos.

DISCIPLINA ECLESIÁSTICA

A disciplina eclesiástica é um termo normalmente utilizado para quando uma determinada igreja toma uma decisão punitiva em relação ao um membro errante. Porém a Bíblia ensina aos cristãos a como lidar de maneira correta quando se estiver diante de tal situação.

"A disciplina deve ser considerada não um ato de punição, mas uma tentativa de restaurar as pessoas ao discipulado. A disciplina funciona como salvaguarda da igreja, a fim de preservar a pureza da doutrina e do comportamento em seus membros." (GUIA, 2010, p. 155). 

As diversas denominações que existem, possuem manuais e guias que as aconselham na aplicação da disciplina. Devido a esta realidade, algumas atitudes práticas podem divergir umas das outras, mas nenhuma delas poderá ser diferente dos princípios bíblicos.

Antes de mais nada, será que a Igreja pode disciplinar alguém? Os textos bíblicos lidos até agora só demostraram que Deus, os pais e a própria pessoa fazem uso da disciplina. Qual é então as prerrogativas da igreja no tocante a disciplina?



1. Deus concede à igreja a autoridade de disciplinar


O texto-chave para esta verdade está em Mateus 16, quando Pedro faz a maior declaração sua sobre Cristo e Cristo apresenta a grande reponsabilidade que Seus apóstolos teriam na terra.
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céu.” (Mateus 16:19).

A redação sugere que a passagem bíblica do verso se refere a a coisas, nesse caso crenças e atos, não diretamente a pessoas. Essas palavras foram direcionadas a Pedro pelo fato dele, como representante dos apóstolos, ter dito que eles viam a Cristo como o Filho de Deus. O comentário bíblico Adventista Vol. 6 afirma que hermeneuticamente, Cristo não falou somente a Pedro, mas a todos os apóstolos que ali estavam, pois eles seriam os futuros representantes da igreja cristã.

Quem dá apoio a esta interpretação é o guia de artigos Faith life:
“A ligação e a liberação podem referir-se ao que Peter e os líderes da igreja proíbem (vinculam) ou permitem (liberação). Isso parece indicar que a Igreja e sua liderança têm autoridade para realizar a vontade de Deus e se opor aos poderes do mal.[...] A aplicação desta autoridade poderia referir-se [...] também às disciplinas que os apóstolos adotariam para a Igreja”.

“Ligar” e “desligar” são termos rabínicos, significando proibir e permitir. Naturalmente, se uma pessoa continuava fazendo e crendo o que era proibido, recusando arrepender-se, a mesma seria disciplinada; ao contrário, se ela se arrependesse de seu mau caminho, a mesma seria perdoada: a “exclusão” seria suspensa. Daí, indiretamente a passagem também tem implicações com respeito à conduta correta ou ausência de boa conduta por parte dos membros da igreja.

A Igreja possui autoridade para disciplinar. Ellen White escreveu:
“À igreja foi conferido o poder de agir em lugar de Cristo. É a agência de Deus para a conservação da ordem e disciplina entre Seu povo. A ela o Senhor delegou poderes para resolver todas as questões concernentes à sua prosperidade, pureza e ordem. Sobre ela impôs a responsabilidade de excluir de sua comunidade os que são indignos, os que por seu procedimento anticristão acarretam desonra para a causa da verdade. Tudo quanto à igreja fizer em conformidade com as instruções dadas na Palavra de Deus, será sancionado no Céu.” (Testemunhos para a Igreja 7, 263).

Não obstante, possui também a responsabilidade de disciplinar o seu membro de maneira correta e fidedigna, com critérios bíblicos que já foram pré-estabelecidos. Isso se deve para o bom andamento da igreja como organismo vivo de Cristo (ver Harmonia com a vontade de Deus) e esta ideia também é defendido por Ellen White, segundo o Manual da igreja Adventista na página 60:
“Deus considera seu povo, como um corpo,
responsável pelos pecados que existem em indivíduos em seu meio. Se os dirigentes
da igreja negligenciam buscar com diligência os pecados que trazem o
desfavor de Deus sobre a corporação, eles se tornam responsáveis por estes pecados”
(ibid., v. 3, p. 269).

“Caso não houvesse disciplina e governo eclesiásticos, a igreja se esfacelaria;
não poderia manter-se unida como um corpo” (ibid., v. 3, p. 428).

A igreja deve julgar os atos da pessoa e não os motivos, pois o coração é jurisdição exclusiva de Deus. A Igreja Adventista por anos ensina desta forma. Na Revista Adventista de maio de 1996, um artigo escrito pelo pastor Marlinton Lopes, secretário ministerial da Associação Sul Rio-gradense, faz uma comparação da Igreja com os sacerdotes hebreus e suas funções no ritual do santuário:
“No antigo ritual do santuário, os sacerdotes tratavam apenas os atos exteriores do culto, deixando para Deus o julgamento dos motivos que geravam esses atos. Por semelhante modo, a igreja deve restringir sua disciplina aos frutos visíveis do pecado, sem legislar sobre as intenções ocultas do coração.” (pág. 7)

Percebe-se, então, que a autoridade dada por Cristo a Sua igreja é indiscutível, mas devido a sua autoridade, possui grande responsabilidade em aplicar a disciplina e ter o cuidado de aplica-la de acordo com os princípios ensinados pelo próprio Mestre. Tomando os devidos cuidados para não exceder as suas atribuições.

Esta autoridade é dada única e exclusivamente a igreja, o corpo de Cristo, e não à comissão da Igreja como alguns líderes pensam. Quando pensam dessa maneira, se tem no mínimo dois problemas: O primeiro é que os líderes máximos da igreja local agem de maneira unilateral, pensando estar fazendo o que é bíblico e tomam decisões equivocadas num assunto onde se deve ter prudência.

Um segundo problema é o de os membros da igreja local passarem o que deveria ser da responsabilidade deles aos líderes maiores, assim, são omissos nas decisões gerando muitas vezes desconforto e dissenção na igreja, exatamente o oposto do propósito que era unir as intenções e ações.

O Manual da Igreja Adventista diz:
“A comissão pode recomendar a remoção a uma reunião administrativa, mas em
nenhuma circunstância tem a Comissão da Igreja o direito de tomar a decisão
final. Exceto em caso de falecimento de membros, o secretário só pode remover
um nome do rol de membros após voto da igreja em uma reunião administrativa.”  (pág. 67)

Assim como em outros assuntos de menor complexidade, a comissão da igreja só pode, no máximo, propor a disciplina de um membro. No caso da sentença máxima da disciplina, que é a remoção, só será feita pela secretária da igreja, sem o prévio aviso, se o membro houver falecido. Ou seja, esta autoridade possui normas que se estritamente seguidas evitarão futuros transtornos a comunidade eclesiástica.


2. Os propósitos da Disciplina eclesiástica

“A disciplina deve ser considerada não um ato de punição, mas uma tentativa de restaurar as pessoas ao discipulado. A disciplina funciona como salvaguarda da igreja, a fim de preservar a pureza da doutrina e do comportamento em seus membros.” (Guia para ministros, 156).

Devido a pluralidade de conceitos corretos sobre o que é disciplina, é interessante notar que todos possuem ligação com os vários propósitos da disciplina eclesiástica. Segundo o pastor adventista Jonas Arrais “o propósito da disciplina [...] é restaurar [seus filhos] a comunhão e utilidade no corpo de Cristo.” Está divido, assim, em três pilares: Educativo; Curativo e Redentivo.

2.1 – Educar

Paulo dando conselho a seu pupilo, Tito que pelo Testemunho ser exato, ou seja, fidedgno, ele se torna a base para exortação, repreesnção e por que não educação!?
“Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé” Tito 1.13 (RAStr) 

Uma das maiors lições que o disciplinado pode receber é o de ser educado no comportamento que rege o Reino dos céus.

“É propósito de Deus que haja unidade entre seus filhos. Não esperam viver
juntos no mesmo Céu? [...] Os que se recusam a trabalhar em boa harmonia desonram
grandemente a Deus” (ibid., v. 8, p. 240).

Toda pessoa que deseja ter acesso ao Reino celeste deverá ter prazer na lei que rege o local. Mas como gostarão se não for apresentado a elas esse sistema? Por isso, é dever da igreja através de ensinamentos teóricos, práticos e aplicação da disciplina, ensinar as pessoas que o sistema de Deus é de amor.

2.2 – Curar

Não se pode deixar de lado que toda disciplina possui um princípio indispensável, o amor. E como Deus, o que ensinou como deve ser o ato da disciplina, é amor (1João 4:8), este elemento é fundamental à Igreja na hora de aplicar a disciplina.

“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gálatas 6:1).

O “espírito de brandura” demonstra se a igreja está seguindo ou não as diretivas bíblicas ao aplicar disciplina. Assim como o pastor que vai atrás da ovelha perdida e depois de encontrá-la e leva-la de volta ao aprisco ele cuida de suas feridas, a atitude da igreja deve ser de semelhante modo. Este irmão (o irmão errante) precisa de cuidados que, no momento, só a igreja poderá proporcionar a ele.

“A igreja é chamada a exercer não só um ministério de pregação e reconciliação, mas também um ministério de cuidar dos que estão dentro de suas portas. Parte desse cuidado inclui a disciplina.” ( R. C. Sproul)

2.3 – Redimir

Talvez este seja o pilar central dos propósitos da disciplina. O irmão culpado deverá ser resgatado, sem que a igreja o pré-julgue pelo seu ato. A igreja precisa ter em mente que o ato de disciplinar deve ser um meio de alguém que está desviado voltar ao rebanho.

“Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.” (grifo do redator. Mateus 18:15)

Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados por preço infinito, e estão vinculados a Ele pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado. Que cuidado devemos por isso exercer em nosso relacionamento! O ser humano não tem o direito de suspeitar mal de seu semelhante. Os membros da igreja não têm o direito de seguir seus próprios impulsos e inclinações no trato com irmãos que cometeram falhas. Não devem nem mesmo manifestar qualquer preconceito em relação a eles, porque assim fazendo implantam no espírito de outros o fermento do mal. [...] (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 260).

O Manual da Igreja Adventista, ao utilizar as palavras de Ellen White, procura demonstrar o valor do transgressor. Independentemente do que ele tenha feito, o transgressor, possui valor para Deus e deve ter valor para a igreja também.

“Todo o Céu toma interesse na entrevista que se efetua entre o ofendido e
o ofensor. Se este aceita a repreensão ministrada no amor de Cristo, reconhecendo
sua falta e pedindo perdão a Deus e ao irmão, a luz celestial lhe inundará
o espírito. [...] O Espírito de Deus torna a unir os corações e há no Céu música
pelo restabelecimento da união. [...]” (ibid., v. 7, p. 261-263).


3. A igreja deve lidar da melhor maneira com os erros dos outros

Quando o assunto é disciplina eclesiástica, o texto bíblico mais conhecido é o Mateus 18 onde após sentenciar que Deus não deseja que ninguém se perca e que vai atrás daquele que está perdido, Ele ensina qual deve ser a atitude de um cristão em relação a um irmão que o ofendeu.

Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. (Mateus 18:15-18).

Neste texto, Cristo coloca o irmão errante na mesma condição da ovelha que se extraviou pelo caminho. Seu foco está na privacidade da repreensão. Segundo alguns comentaristas, o termo “contra ti” pode ser ou não considerado. Cristo está mais preocupado em ensinar a igreja a maneira correta de lidar com o irmão errante do que com o teor de seu erro.

É impressionante que a atitude do membro representante da Igreja é semelhante ao do pastor que vai em busca da ovelha perdida, ou seja, é semelhante ao comportamento de Deus com relação ao ser humano, que mesmo errante, Deus foi atrás. “Seja qual for a natureza da ofensa, ela não impede que se adote o mesmo plano divino para dirimir mal-entendidos e ofensas.” (Testemunhos para a Igreja 7, 260).

Antes de levar o caso a público, o cristão deve seguir o “passo a passo” deixado pelo Mestre. O caso já se torna público quando chega ao conhecimento da Igreja

Aqui, a “igreja” é o corpo local de crentes agindo na sua capacidade corporativa, não a igreja universal, como em Mateus 16:18.

4. Devemos guardar-nos para não sermos tentados

Ao tratar do caso de alguém que errou, a Bíblia dá uma diretriz mencionando a forma como deve ser feita: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura” (Gálatas 6:1). Para empreender essa tarefa delicada, o versículo pressupõe uma capacitação que deve ter quem se aproxima de alguém que foi vencido pela tentação: ser espirituais, ou seja, possuir o fruto do Espírito – agirá com “brandura” (mansidão). O maior exemplo de mansidão é o de Cristo e os que seguem o seu exemplo serão bondosos e compassivos ao tratarem com seus irmãos Não criticarão, nem condenarão, nem serão apressados sem piedade para fazer cair a disciplina da igreja. Seu zelo pela justiça será temperado com misericórdia.  
E o texto segue: “e guarda-te para que não sejas também tentado.” (Gálatas 6:1). Quando se pretende corrigir as falhas dos outros, deve cada um olhar a si mesmos. Os que desejam resgatar o seu próximo do pecado, devem estar com os pés sustentados em terreno firme. Não se pode perder de vista a preocupação por sua condição espiritual diante de Deus. Esse é um requisito imprescindível antes que se dedique a quem necessita de ajuda. Outra verdade importante que se deve levar em conta é que todos são propensos a errar e que ninguém está livre de cair. Tal compreensão com certeza nos livrará de mostrar uma atitude de quem crê que é mis santo e melhores que outros, quando procuramos apoiar e ajudar um irmão que caiu a se levantar. (CBASD, 2014, falta página).

Quando a pessoa que errou se arrepende e se submete à disciplina de Cristo, deve ter uma nova oportunidade. E mesmo que não se arrependa e venha ser excluída da igreja, os servos de Deus têm o dever de com ela tentar esforços, buscando induzi-la ao arrependimento. Se se render à influência do Espírito de Deus, dando prova de arrependimento, confessando o pecado e a ele renunciando, por mais grave que seja, deve merecer o perdão e ser de novo recebido na igreja. Aos irmãos compete encaminha-la pela vereda da justiça, trata-la como desejariam ser tratados em seu lugar, olhando por si mesmos para que não sejam do mesmo modo tentados. (Testemunhos para a Igreja 7, 263).

Aqui fica patente que todos são iguais, necessitados de auxílio e simpatia em suas fraquezas. A regra de ouro é: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Mateus 7:12). É um privilégio dado a cada membro da igreja o de restaurar um irmão em falta, porém, também uma responsabilidade. Deus deu esse privilégio à igreja, e fica a exortação de que ninguém, por mais avançado que esteja em sua escalada espiritual, está isento de pecar da mesma forma que o outro. Por isso o cuidado de não criticar e estar seguro de não cometer os mesmos erros, pois o trabalho de resgatar a ovelha perdida representa o trabalho do bom pastor que “veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 1:10).

A disciplina eclesiástica traz consigo algumas lições para a Igreja. Estas lições...

Quase nem seria necessário acrescentar que tal autoridade sobre a fé e a moral, e consequentemente também sobre a afiliação na igreja, só pode ser exercida quando isso é feito em plena harmonia com o ensino de Jesus ou, expressando-o em outros termos, com a Palavra de Deus. Jesus condenou em termos definidos qualquer ligamento ou desligamento arbitrário, caso em que a proibição e a permissão, a exclusão e admissão ou readmissão são equivalentes a uma transgressão do mandamento de Deus (15.1–20; 23.13). Quando uma pessoa é injustamente excluída da comunhão, o Senhor a acolhe (Jo 9.34–38).


5. Devemos perdoar e ajudar os membros da família de Deus

O Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia (ano, p. 165) orienta: “Assim como Deus perdoa, os membros da igreja são chamados a perdoar e aceitar aqueles que cometeram falhas (Is 54:5-8; Mt 6:14, 15; Ef 4:32)”. E acrescenta: “A Bíblia exorta à paciência, compaixão e ao perdão no cuidado cristão daqueles que erraram (Mt 18:10-20; Gl 6:1, 2). Quando membros estão sob disciplina, por censura ou por remoção do rol de membros, “a igreja, como um instrumento da missão de Deus, deve fazer todo esforço para manter solícito e edificante contato espiritual com eles.” (p. 165).
Não é tarefa fácil manter-se aprumado no bom senso no que diz respeito à disciplina na igreja, pois “requer delicado equilíbrio entre a firmeza de princípios, a concessão do perdão e amorosa bondade” (Guia para ministros, 155). Para isso é necessário prevenir-se de toda a dureza ao cuidar com os que cometem erros, e Ellen White ressalta que

precisamos também ser cuidadosos para não perder de vista a excessiva malignidade do pecado. Há necessidade de mostrar-se paciência e amor semelhantes aos de Cristo pelo que erra, mas há também o perigo de se mostrar tão grande tolerância pelo seu erro que ele se considerará não merecedor de reprovação e a rejeitará como inoportuna e injusta. (WHITE, 2006, p. 503, 504).

Como já foi visto anteriormente, Deus investiu sua igreja de autoridade para aplicar a disciplina eclesiástica e que “o amor precede o castigo”, por consequência, ao amor está atrelado o perdão. Com relação a este componente da disciplina eclesiástica, Paulo instrui a igreja de Corinto: “De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.” (2 Coríntios 2:7-8).
O perdão, que faz parte da disciplina, é essencial no processo da educação espiritual, é o que acelera o processo de restauração como um curativo cicatrizante da ferida causada pela queda que tornou necessária uma intervenção. É o perdão um poderoso remédio.
Nenhuma pessoa, depois de ter sido repreendida e censurada, pode conseguir se auto restaurar e se levantar para prosseguir com ânimo, sacudir a poeira e redirecionar sua vida sem a manifestação de perdão pela parte disciplinadora. Quem não é perdoado não tem poder para mudar. O perdão dá esse poder. O perdão da igreja pode, como disse o apóstolo Paulo, ajudar a pessoa a não ficar vencida “por excessiva tristeza”.     
Não sendo assim, a disciplina perde seu efeito restaurador e, em vez de proporcionar uma abertura e reconhecimento do amor na ação corretora, o resultado será o endurecimento do coração. Seguramente esse não é o rumo esperado. Se o amor a Cristo e ao irmão em falta não for a motivação para repreender, então a repreensão faz mais mal do que bem. Em vez de restaurar, aprofunda o dano, afasta o indivíduo.
A seriedade desse assunto é tão grande que:

“Quando se consideram ofendidos pelos irmãos, alguns recorrerão mesmo à justiça, em vez de seguirem a regra dada pelo Salvador. Mesmo muitos que parecem cristãos conscienciosos, são pelo orgulho e estima própria impedidos de ir em particular àqueles que eles julgam estar em erro, para tratarem do caso no espírito de Cristo, e orarem uns pelos outros. Contendas, discórdias e processos entre irmãos são uma desgraça para a causa da verdade.” (Testemunhos para a Igreja 5, 242).

Se o objetivo da disciplina é restaurar pecadores, assim como “o Bom Pastor deu prioridade a uma ovelha que estava perdida” e “foi atrás dela não para culpá-la ou puni-la, mas para levá-la de volta ao aprisco”, então convém seguir o exemplo dEle ao tratar com as ovelhas do seu rebanho. “O ato de disciplinar deve ser um meio de alguém que está desviado voltar ao rebanho”. “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lc 17:3, 4).

6. Como deve ser o procedimento

Segundo o Guia para ministros, são responsáveis pela disciplina na igreja, os pastores e as congregações e, esses, são descritos como "atalaias" colocados por Deus. (Citação). Falando sobre essa função, assim descreve Ezequiel: A ti, pois, ó fi lho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da Minha boca e lhe darás aviso da Minha parte. Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue Eu o demandarei de ti. Mas, se falares ao perverso, para o avisar do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma” (Ez 33:7-9).

6.1 Pastor: Guia para ministros

O Guia para Ministros apresenta alguns passos a serem seguidos que orientam o pastor na administração da disciplina.

6.1.1 "Siga o Manual da Igreja. O Manual da Igreja representa a compreensão adventista dos princípios bíblicos de disciplina e sua sabedoria, desenvolvidos através de experiência e discussão. Ignorar o Manual significa ir na contramão da posição oficial da igreja mundial. Use-o tanto como guia e também como proteção para aqueles que precisam lidar com assuntos disciplinares. A falha em seguir esses procedimentos pode, em alguns casos, ser passível de responsabilidade legal".(p. 156, 157).

6.1.2 "Enfatize o perdão. As pessoas que são disciplinadas podem ver esse processo como rejeição e punição, antes que uma tentativa de restauração. Podem achar difícil crer que Deus as perdoa quando os membros da igreja aparentemente não o fazem. Assim, qualquer ato de disciplina precisa ser acompanhado da ênfase no perdão". (p. 157).
"Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lc 17:3, 4).

6.1.3 "Disciplina bíblica. As palavras de Jesus registradas em Mateus 18:15-17 esboçam o procedimento a ser seguido no trato com o pecado na igreja. Primeiramente, dirija-se à pessoa e trate do assunto diretamente com ela. Se isso não resolver, faça-se acompanhar de uma ou duas testemunhas. Se o problema persistir, leve o assunto à igreja. Se o culpado não ouvir a igreja, considere-o como excluído da igreja." (p.157).

6.2 Ancião: Guia para anciãos
6.3 Secretária: Guia para secretárias
6.4 Igreja: Manual da igreja

"Disciplina por Censura – Em casos em que a ofensa não é considerada pela igreja tão séria que demande a medida extrema da remoção da qualidade de membro, a igreja pode expressar sua desaprovação mediante um voto de censura." (p. 65)

"Disciplina por Remoção da Condição de Membro – A remoção de um indivíduo de sua condição de membro da igreja, o corpo de Cristo, é a disciplina f inal que a igreja pode administrar. Unicamente após haver seguido a instrução dada neste capítulo, depois da orientação do pastor ou da Associação, quando o pastor estiver indisponível, e depois de terem sido feitos todos os esforços para conquistá-lo e restaurá-lo ao caminho certo, deve um indivíduo ser removido de sua posição de membro da igreja." (p.65).




REFERÊNCIAS

COMENTÁRIO bíblico Adventista do Sétimo Dia: Atos a Efésios. Edição de Vanderlei Dorneles; Tradução de Rosangela Lira et al.; Revisão de Luciana Gruber. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014

WHITE, Ellen G. Atos dos apóstolos: na proclamação do evangelho de Jesus Cristo. Tradução de Carlos Alberto Trezza. 10. ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006. 

GUIA para ministros adventistas do sétimo dia: preparado pela Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Tradução de César Luís Pagani. 6. ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010.

 Hendriksen, W. Mateus. (V. G. Martins, Trad.) (2a edição em português, Vol. 2, p. 183). Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010.

Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Trad. Ranieri Sales. 22. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016.



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Parábola "meu sangue virou pó!"

Uma senhora cismou que o seu sangue tinha virado pó e vivia dizendo aos seus filhos: “meu sangue virou pó, meu sangue virou pó! Eu vou morrer!”. Seus filhos, sem saber o que fazer, tentaram de toda forma dissuadi-la dizendo que não. Isso não era verdade, mas nada teve jeito por que ela não tirava essa ideia da cabeça.

Por fim, depois de entrarem num acordo, resolveram levar sua mãe ao médico para provar e convencê-la de uma vez que seu sangue não tinha virado pó e que isso era só imaginação da cabeça dela. Combinaram tudo com o médico. Chegou o dia e lá estavam ela e seus filhos diante do médico. O médico procurou explicar que não era possível o sangue virar pó, mas ela estava com a ideia incutida de que seu sangue tinha virado pó e, sua resposta era: “vocês não estão entendendo, meu sangue virou pó”.

Então para comprovar definitivamente e fazê-la desistir dessa ideia maluca o médico chamou alguém e pediu: “por favor, traga-me uma seringa e uma ampola” e referiu a ela dizendo assim: “vou tirar o seu sangue e a senhora vai ver que não é verdade o que está pensando. Depois de encher a ampola de sangue, o médico lhe disse: “tá vendo seu sangue?”. Interessante foi a resposta dela: “Ah, entendi o que vocês fizeram. Vocês acabaram de me matar! Tiraram o resto de sangue que eu ainda tinha!”

Moral da história…

Tem gente que, mesmo diante das evidências mais escancaradas, preferem acariciar suas ideias equivocadas, superstições, como sendo verdades e realidade. É difícil entender como isso acontece, mas, parece que é assim por que suas ideias são confortáveis. 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Levantamento da quantidade de alunos adventistas e não-adventistas no CAB (Colégio Adventista da Bahia)



Adriano Pitombo
José R. Neto
Gilberto B. da Silva 
Ismael Santos
Raul Oliveira
Luiz Carlos Lisboa Gondim

RESUMO

Ao longo dos anos as escolas adventistas têm crescido exponencialmente, e com esse crescimento, tenfrentado um grande desafio em manter a suas origens, e esse fator está intrinsicamente ligado com as crenças e religião de seus alunos. Qual a influência que os alunos não adventistas exercem sobre os adventistas? E se o problema é a influência, qual é a implicação de acontecer dentro do colégio adventista? Será que existe más influências em nossos colégios? Qual o ideal de Deus para suas escolas?
Esses desafios estão sendo analisados por meio de pesquisa bibliográfica e quantitativa. Nesse sentido, o estudo analisa a relevância e as influências de alunos não-adventista sobre os adventistas. Apesar dos desafios, o ideal de Deus e sua vontade deve ter soberania sobre suas escolas, uma vez que a instituição acredita que foi Deus que as estabeleceu e tem cuidado delas ao longo do tempo.
Palavra-chave: Educação, escolas adventistas, influência, não adventistas.

ABSTRACT 

 Over the years Adventist schools have grown exponentially, and with this growth It have faced a major challenge in maintaining their origins, and this factor is inextricably linked with the beliefs and religion of their students. What influence do non-Adventist students have on Adventists? And if the problem is the influence, what is the implication of happening within the Adventist school? Are there bad influences in our schools? What is God's ideal for your schools?
These challenges are being analyzed through bibliographic and quantitative research. In this sense, the study examines the relevance and influences of non-Adventist students on Adventists. Despite the challenges, God's ideal and His will must have sovereignty over their schools, since the institution believes that it was God who established them and cares for them over time.

Key words: Education, Adventist schools, influence, non-Adventists.


Introdução
A educação adventista é uma das maiores do mundo no que diz respeito a escola com princípios cristãos, e isso faz com que ela tenha uma grande responsabilidade de continuar sendo uma referência na área da educação cristã. Só no ano de 2003 a Igreja adventista do sétimo dia gerenciava um sistema de educação com cerca de 6200 escolas, 60 mil professores e 1,2 milhão de alunos espalhados em 145 países. Esses dados só revelam o quanto a igreja adventista aposta em escolas e seu compromisso com a educação de suas crianças e jovens.
Tal crescimento só tem dado certo porque a instituição acredita que faz parte de um movimento profético, e que, inclusive, as escolas surgiram como um ideal divino. Sua filosofia educacional não é baseada em preceitos de homens, mas, por meio de uma revelação profética concedida a Ellen White.
No entanto, a importância desse tema nasce da necessidade de compreender a verdadeira razão da perda da identidade filosófica da educação adventista. Pois se tem paulatinamente perdido o verdadeiro significado da orientação profética. A partir dessas informações podemos melhor refletir sobre algumas perguntas: Qual a influência que os alunos não adventistas exercem sobre os adventistas? E se o problema é a influência, qual é a implicação de se acontecer dentro do colégio adventista? Será que existe más influências em nossos colégios? Qual o ideal de Deus para suas escolas?
O presente artigo se propõe a responder essas questões por meio de pesquisa bibliográfica e de campo, que tem como finalidade apresentar verdades relativas às influências de alunos que não professam a fé adventista, mas que mesmo assim, estudam e exercem influência sobre os alunos adventistas.

O propósito da educação adventista
“A igreja Adventista do Sétimo dia é reconhecida mundialmente por sua organização. A rede de escolas, colégios e universidades se insere na estrutura da igreja como parte de sua estratégia, visão e missão.” (CONFEDERAÇÃO DAS UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2009, p. 27).
Ellen White menciona que a educação é uma estrutura fundamental da igreja, portanto, é importante conhecer sua história. É perceptível que Deus sempre teve um plano para a educação de seus filhos. Esse plano é visível ao longo da história com base nas escrituras sagradas, bem como do Espírito de Profecia.
A educação confessional começou com o povo de Israel. “Deus ordenou aos hebreus que ensinassem aos filhos seus reclamos, e que os tornassem familiarizados com todo o Seu trato com o seu povo. O lar e a escola eram uma coisa só.” (WHITE, 2007, p. 95). Esse texto deixa claro que a educação dos filhos dos hebreus deveria ser diferenciada das outras demais nações, deveria ser pautada em princípios éticos fundamentados na palavra do Senhor, pois, Deus se preocupa com a educação dos Seus filhos. Sabe Ele que a educação transforma, liberta e eleva.
Sendo assim, eis aqui, uma extrema necessidade que os filhos de Deus tenham uma boa educação, mas acima de uma boa educação, um ensino que seja baseado nos princípios da palavra de Deus. Assim formamos os jovens, não somente para esta vida, mas para a do porvir. A mesma preocupação permeou a mente da igreja primitiva.
“As escolas na igreja cristã primitiva foram inicialmente instituídas nos lares cristãos emergentes, pelos discípulos dos apóstolos e pelos chamados pais da igreja. Seu objetivo era educar as crianças e reeducar os adultos conversos.” (CONFEDERAÇÃO DAS UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2009, p. 19-20). No Novo Testamento, o foco da educação era alcançar os conversos e seus filhos. Vimos que tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento existia uma profunda preocupação com relação a educação dos professos filhos de Deus. 
Depois da morte dos apóstolos a igreja de Deus passou por um período de terríveis trevas e escuridão. No entanto, Deus suscitou povo remanescente para ser restauradores de brechas e reparadores de veredas conforme diz Isaias... Foi na primeira metade do século XIX que surgiu o Movimento Milerita de caráter interdenominacional   e com ênfase na verdade bíblica do segundo advento de Cristo. É nesse tempo que ressurge a preocupação em relação a boa educação dos fiéis.  
Em 1853 e 1854, um bom número de famílias adventistas demonstrou a preocupação de oferecer aos filhos uma educação livre das influências seculares das escolas públicas ou tradicionais. Assim, estabeleceram pequenas escolas em seus próprios lares. (CONFEDERAÇÃO DAS UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2009, p. 24)
Existe hoje, um padrão nacional de educação o qual descreve que as crianças são obrigadas a estarem na escola aos 4 anos de idade. É esse o ideal de Deus para a educação das crianças? Será que Deus orientou dessa forma? A sabedoria divina está acima de qualquer pressuposto humano, por isso, de acordo com a palavra profética a educação das crianças deveria ser dada da seguinte maneira: “Os pais devem ser os únicos mestres dos filhos até que eles cheguem a idade de oito ou dez anos. Assim que a mente lhes permita compreendê-lo, cumpre aos pais abrir diante deles o grande livro divino da natureza.” (WHITE, 2007, p. 21). 
Esse princípio foi visto na vida de Moisés, e do próprio Jesus. Logo, não deveria ser diferente na vida daqueles que se dizem ser seguidores de Cristo. Porém, muitos consideram que tais orientações proféticas não são cabíveis no século XXI, e com isso, acabam sendo influenciados pelo pensamento secular referente a educação. A estrita compreensão mundana não os permite enxergar além, mas Deus não erra, não falha e conhece o fim desde o princípio, ou sela, Ele sabe de todas as coisas. “Muitas crianças foram arruinadas para a vida em razão de se exigir demais do intelecto e negligenciar fortalecer o físico. Muitos têm morrido na infância devido ao procedimento seguido por pais e professores imprudentes, que forçam o intelecto, por lisonja ou temor, quando essas crianças eram demasiado tenras para verem o interior de uma escola.” (WHITE, 2007, p. 21).
Portanto, as páginas das sagradas escrituras testificam: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; Crede nos seus profetas e prosperareis. ” (2 Crônicas 20:20). Devido à falta de Fé em Deus, e crença na voz profética é que vemos como resultado um mundo com uma educação precária e em estado de calamidade. Esse não é o melhor modelo para o povo de Deus. 
Depois de conhecer sobre o surgimento da educação adventista, veremos a seguir alguns pontos importantes envolvendo o propósito pelo qual ela foi criada. É interessante destacar que embora existam alguns propósitos específicos que identificam a educação adventista, alguns colégios estão sofrendo consequências por estar se desviando do propósito correto. Para entendermos melhor sobre qual seria um modelo que identifica a educação adventista, Cardwaller (2013, p.121) diz: 

O Colégio de Battle Creek, o primeiro estabelecido pela denominação, é em seu estado ideal um modelo para as instituições da igreja que forem criados depois. Os objetivos propostos pelo Colégio de Battle Creek são profundamente espirituais e educacionais, portanto, deveriam estar entre as metas e propósitos dos colégios atuais, posto que são operados pela mesma igreja.

Tendo em vista que este é o modelo ideal dos colégios adventistas, entendemos que os nossos jovens deveriam estar inseridos nestes colégios para se prepararem para este mundo e principalmente para a vida eterna. Porém, antes mesmo que um jovem seja inserido nos nossos colégios adventistas, é de suma importância que ele tenha a sua mãe como primeira professora. É através do lar que os nossos jovens devem receber as bases para a vida. Sendo assim, Standish C. e Araujo. (2007, p. 101) diz:
Quando a criança entra na escola já está bem estabelecida em seu caminho. Os anos que passou no lar produziram sobre ela um profundo impacto, na verdade, maior do que qualquer outro possa causar. O caráter já foi substancialmente formado. A questão do egoísmo e abnegação já estabeleceu padrões de comportamento habituais em sua vida. 
É claro que estamos partindo do pressuposto de que a criança já recebeu no lar uma educação de qualidade baseada nos princípios da palavra de Deus. Sendo assim, ela precisará ser encaminhada para uma escola onde esses princípios tem que permanecer vivos e baseados na Palavra de Deus longe das influências contaminadoras deste mundo. Infelizmente isso não tem acontecido com muitos jovens adventistas, que são levados a estudarem em colégios seculares, e ali, em contato com outras crianças que não tiveram a mesma educação e que vivem totalmente longe dos princípios de Deus, acabam sendo influenciados a trilhar o caminho da secularidade e do mundanismo, aprendendo e vivendo de acordo com as regras do mundo.
Estas crianças que assim vivem, cada vez mais se distanciam do ideal que Deus revelou para elas. Pensando nisto, percebe-se então a urgência em que os nossos jovens estejam matriculados e frequentando os nossos colégios. Eles precisam ser guiados pelos princípios bíblicos e crescerem continuamente alicerçados na base que é a Palavra de Deus. Segundo Standish C. e Araujo (2007, p. 112), “esta é uma época em que nossos jovens necessitam acima de tudo conhecer os quatro pilares da nossa fé – a lei de Deus, o sábado, a mensagem do santuário e o estado dos mortos. ”
Portanto, diferente dos colégios seculares, os nossos colégios estão alicerçados na Palavra de Deus e trabalha no crescimento físico, mental e espiritual dos nossos jovens. Nesta idade em que são inseridos no colégio, é a mesma em que os jovens podem tomar a decisão pelo batismo. Um trabalho é feito com estas crianças para que sejam batizadas e despertem para o trabalho de Deus. White diz que

Nossas escolas são o instrumento especial do Senhor para habilitar as crianças e os jovens para a obra missionária. Os pais devem compreender a sua responsabilidade e ajudar os filhos a apreciar os grandes privilégios e bênçãos que Deus proveu para eles nas vantagens da educação. (WHITE, 2011, p. 149.)

Sendo assim, é de suma importância que os pais despertem e coloquem os seus filhos nos nossos colégios. Ainda que lhes seja difícil, devem fazer um esforço para que consigam. As vantagens e preparação que estes jovens terão, jamais podem ser comprados pelo dinheiro. Eles estarão recebendo uma boa educação e serão desenvolvidos nas áreas física, mental e espiritual. Serão preparados para se tornarem pessoas sociais e relevantes para a sociedade, mas, principalmente, serão preparadas para serem representantes de Deus aqui na terra, cumprindo a missão confiada por Jesus até alcançarem a vida eterna em Cristo Jesus.

Influências negativas de alunos secularizados tanto nas escolas públicas quanto na escola adventista
Com isso em mente, podemos entender a importância que os nossos colégios possuem para a formação dos jovens. Porém, um ponto que precisamos discutir é com respeito ao tipo de estudantes que estão inseridos nos nossos colégios. Será que existe uma predominância de estudantes adventistas em nossos colégios?
Este é sem dúvida uma pergunta muito importante para a nossa compreensão da educação adventista, pois, muitas famílias desejam que seus filhos tenham uma influência positiva no colégio convivendo com pessoas da mesma religião. White diz que “um bom número de famílias adventistas demonstrou a preocupação de oferecer aos filhos uma educação livre das influências seculares das escolas públicas ou tradicionais.” (CONFEDERAÇÃO DAS UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2009, p. 24). Ou seja, os pais estão muito preocupados em tirar os seus filhos das influências negativas em escolas seculares, e assim, os colocam nos colégios adventistas para que estes tenham uma educação de qualidade e um crescimento espiritual.
Porém, mesmo colocando os filhos em colégios adventistas, estes não estão totalmente isentos de influências seculares. Um exemplo claro disso é se refletirmos a respeito de um colégio adventista onde 80% dos alunos não são adventistas. Ou seja, a grande maioria dos alunos são mundanos ou de outras religiões, e assim, podem causar uma influência negativa sobre a vida dos nossos jovens adventistas.
Standish C. e Araujo (2007, p. 101) diz que:

É comum as escolas decaírem, sendo niveladas pelo denominador mais baixo dos que estão exercendo pressão sobre elas. É óbvio que os menos convertidos tendem a exercer maior pressão do que os convertidos. Desse modo os passos em direção ao comprometimento tendem a ser tomados mais prontamente do que os passos em direção à reforma.

Quando nos deparamos com esta situação, percebemos um grande problema em relação ao que tem acontecido em alguns dos nossos colégios. O problema se dá pelo fato de haver superiores ações exercidas sobre as crianças e os jovens adventistas, pois a grande questão não é o lugar onde eles estudam, mas sim a influência que recebem das companhias de incrédulos. “Jovens cristãos que propendem a ser influenciados por parceiros irreligiosos devem ter como companheiros a indivíduos que fortaleçam as boas resoluções e as inclinações religiosas” (WHITE, 1996, p. 55). 
Fica evidente que o grande problema aqui é a influência. E se o problema é a influência, qual é a implicação de se acontecer dentro do colégio adventista? Será que existe más influências em nossos colégios? É óbvio que se existe um percentual maior de alunos incrédulos, consequentemente haverá a tão terrível e temida influência negativa sobre nossas crianças e jovens.

Assim como um inocente jovem, quando deixado com endurecidos criminosos, aprende lições de crime com que jamais havia sonhado, jovens de mente pura, mediante associação com companheiros de colégio de hábitos corruptos, perdem sua pureza de caráter e se tornam viciados e maus. (WHITE, 2009, p. 41,42)

Também falando sobre o convívio com incrédulos, White (2007, p. 55) diz: 

Um jovem bem-disposto e com pendores religiosos, e mesmo aquele que professa religião, pode perder as suas impressões religiosas pela associação com alguém que fala desdenhosamente das coisas sagradas e religiosas, que talvez escarneça delas, e que tem falta de reverência e escrúpulo. Um pouco de fermento leveda toda a massa.

Se um pouco de fermento leveda toda a massa, imagine se houver muito fermento. Quais serão as consequências? Um verdadeiro adágio antigo dizia: “diga-me com quem andas e te direi quem tu és”, e o apóstolo Paulo afirma: Não se deixem enganar: “as más companhias corrompem os bons costumes" (1 Coríntios 15:33). E é isso o que tem acontecido com os nossos colégios. Infelizmente, muitas das nossas escolas não tem sido um refúgio seguro contra as influências destruidoras deste mundo, trazidas por mundanos. E o ponto chave é que hoje o número de irreligiosos que estudam em nossos colégios pode ser maior que o dos filhos de adventistas para quem a escola foi primariamente estabelecida. Isso tem acontecido por que os nossos colégios se desviaram daquilo que era o propósito de Deus. E haverá consequências tanto nessa vida quanto no porvir.   

Resultados de pesquisa quantitativa: Alunos não-adventistas e adventistas no CAB
De acordo com o referencial teórico, ficou evidente que muitos de nossos colégios tem sofrido com as influências negativas, devido ao número maior de alunos não adventistas. Será que o colégio pesquisado está dentro dessa estatística ou foge da realidade? Os seguintes gráficos apresentam essa informação.


Esse gráfico nos informa sobre a situação atual do Colégio Adventista da Bahia. Podemos inferir algumas coisas dessas informações. Uma delas é a ideia defendida por White (2007, p. 55), de que há um perigo de o jovem cristão que seja dotado de propensão religiosa se envolver em companhia de incrédulos que desprezam e zombam dos princípios cristãos, em consequência dessa associação ele perderá suas impressões religiosas, pois “um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gálatas 5:9).
Enquanto White (2007, p. 55) fala da influência exercida sobre um indivíduo, Standish C. e Araujo (2007, p. 101) complementam com a ideia de que há uma maior pressão dos grupos de não convertidos sobre os convertidos, e nunca ao contrário. Essa realidade compromete o desenvolvimento moral, institucional, ético e espiritual da escola, por isso, muitas tem definhado, perdendo sua identidade. 

Este outro gráfico nos traz a quantidade dos alunos de forma detalhada por etapa: ensino fundamental 1 (Educação infantil), fundamental 2 e ensino médio.


No gráfico apresentado percebemos que a quantidade de alunos adventistas no ensino fundamental 1 (Educação infantil) excede a quantidade de alunos não adventistas. Isso se dá em razão de que o Colégio Adventista da Bahia está inserido dentro da Faculdade Adventista da Bahia, que oferece cursos superiores em diversas áreas, inclusive Teologia. Portanto, essa diferença ocorre devido ao fato de os filhos de obreiros e de estudantes de teologia estudarem no colégio e acrescerem ao número de alunos adventistas, sendo que a diferença que é vista no ensino fundamental 1 não continua nas outras etapas, em razão de que os estudantes de Teologia passam apenas 4 anos estudando e no caso dos obreiros o motivo é a rotatividade.
Mas quando passamos para as outras etapas percebemos a diferença que existe em relação ao ensino fundamental 1, pois no ensino fundamental 2 e no ensino médio a quantidade de alunos não adventistas supera a de alunos adventistas. Portanto o Colégio Adventista da Bahia, vive a mesma triste realidade que muitos dos nossos colégios em geral. A situação do ensino fundamental 1 deveria ser a realidade de todo o colégio, ou seja, não só as crianças, mas os juvenis e principalmente os jovens de nossa igreja deveriam ser a maioria em nossos colégios, pois de acordo com Standish C. e Araujo (2007, p. 112), “[...] esta é uma época em que nossos jovens necessitam acima de tudo conhecer os quatro pilares da nossa fé – a lei de Deus, o sábado, a mensagem do santuário e o estado dos mortos. ”
Vivemos em uma época em que os nossos jovens são bombardeados por filosofias mundanas que afetam o caráter e destroem os princípios de vida cristã, por isso, há a necessidade de que eles estejam nos nossos colégios. Se lá eles não estiverem, como aprenderão e se firmarão nos “quatro pilares da nossa fé”? Poderão ter esses ensinos em escolas seculares? Jamais, pois, se não estão onde deveriam aprender, nunca poderão aprender onde não deveriam estar. 

O ideal de Deus
Essa problemática existente nas escolas adventistas se dá por uma sucessão de fatores, são eles: O fato de que muitos pais não têm interesse em colocar seus filhos para estudarem no colégio adventista, nem todos os distritos pastorais são contemplados com a presença de um colégio adventista, também há uma busca por titularidade pública governamental permitindo com que muitas influências seculares batam na porta de nossa educação e o elevado valor das mensalidades. Stencel apresenta uma outra problemática:

Em 2003 havia apenas 7,6% de igrejas com escolas, podendo-se observar, portanto, um contínuo decréscimo da proporção igreja-escola no Brasil, desde 1960 até os dias atuais. Na última década esse quadro se agravou muito mais com o fechamento de inúmeras escolas pequenas na intenção de se construir grandes centros colegiais (STENCEL, 2004). (Observação: pastor encontrar a referência)

Quando falamos sobre o elevado valor das mensalidades, devemos levar em consideração que isto está relacionado com a construção de grandes e exorbitantes prédios, onde são investidos milhões de reais. Uma das consequências desta ação é o fato que o grande investimento em um único lugar priva outros de terem um colégio adventista. Como vimos acima na afirmação de Stencel, umas das grandes problemática que a nossa educação tem enfrentado hoje é a construção de grandes centros colegiais e consequentemente o fechamentos de inúmeras pequenas escolas para que essas grandes sejam construídas ao elevar-se a estrutura de colégio eleva-se também o valor das mensalidades, impossibilitando a presença de muitos filhos de adventistas que poderiam ali estar, mas, pelo valor não caber no orçamento familiar, ele fica privado de estudar na sua própria escola. Portanto com o valor que se constrói um único colégio grande, poderiam ser construídos cinco colégios pequenos. Assim estaríamos voltando ao ideal divino. Sobre isso, White (1987, p. 212) comenta: 
Não temos tempo para perder [...]. Aqui estão nossos filhos. Permitiremos que eles sejam contaminados pelo mundo - por sua iniquidade, por sua desconsideração aos mandamentos de Deus? Pergunto aos que pretendem enviar seus filhos à escola pública, onde é provável que sejam contaminados: Como podeis correr semelhante risco? Desejamos construir um edifício escolar para nossos filhos [...]. É preciso despertar um interesse suficientemente grande para construir um pequeno e adequado edifício escolar. 

 Aqui, explícito pela palavra profética está o ideal de Deus para a sua igreja, tirar os nossos jovens das terríveis influências seculares deve ser o nosso objetivo, mas isso não se dará na construção de grandes edifícios colegiais, onde muitos tem sido privados, e sim na construção de pequenos e adequados edifícios no qual receberão uma educação de qualidade, mas não apenas isso, pois acima de tudo essa educação estará baseada nos princípios da Palavra de Deus, na qual consiste a verdadeira educação, os nossos jovens mais do nunca precisam desfrutar dela. White (2008, p.19) diz:

Aquele que coopera com o propósito divino em transmitir à juventude o conhecimento de Deus, e em lhes moldar o caráter em harmonia com o Seu, realiza uma elevada e nobre obra, Suscitando o desejo de atingir o ideal de Deus, apresenta uma educação que é tão alta como o céu e tão extensa como o Universo; uma educação que não poderá completar-se nesta vida, mas que se prolongará na vindoura; educação que garante ao estudante eficiente sua promoção da escola preparatória da Terra para o curso superior – a escola celestial.

Como instituição devemos pagar o preço, para que possamos viver o ideal de Deus, porque infelizmente muitas vezes nos acomodamos com a situação e com a condição que o mundo nos oferece, mas não foi isso que o Senhor planejou para os seus filhos, sendo assim, não haverá vitória sem esforço e conquista sem sacrifício, se entendemos que isso é o melhor, então avancemos nessa direção! 







Conclusão

Diante dos fatos apresentados, não resta dúvida de que a educação adventista é indispensável na vida de seus membros e de seus filhos. Eles buscam matricular seus filhos para não receberem más influencias ou o mínimo possível, no entanto, o que poucos pais sabem é que, ao invés de influenciarem os não adventistas, estão sendo influenciados pelos mesmos, pois a regra é clara, o de maior número influencia o de menos número.
Foi exatamente isso que mostrou a pesquisa realizada, em um total de 282 alunos, 128 não são adventistas enquanto 154 são adventistas do ensino fundamental 1 ou educação infantil, quase metade dos estudantes é de não adventistas. Os pais de alunos adventistas optam por matricularem nas primeiras séries, e segundo eles, é onde está formando o caráter, pelo fato de ser de menor idade.
Em um total de 270 alunos, 163 não são adventistas, e 107 são adventistas no ensino fundamental 2. Aqui fica mais explícito a maioria de não adventista nas turmas do ensino fundamental, onde a rebeldia já está presente na vida do adolescente. No ensino médio, a média permanece a favorecer aos não adventistas. De um total de 284 alunos, 181 não são adventistas e 103 são adventistas, que recebem grande pressão para permanecer firmes em seus valores e raízes.
Portanto cabe a instituição de ensino, analisar quais são de fato seus ideais e sua missão, e precisam com urgência procurar resolver essas discrepâncias na formação de nossos jovens e crianças que são influenciados todos os dias.
.










REFERÊNCIAS

SOCIEDADE BIBLICA DO BRASIL; ALMEIDA, Joao Ferreira de. A Bíblia sagrada: Antigo e Novo Testamento. ed. rev. at. Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Biblica do Brasil, 1969. ca. 1238. Mapas coloridos.
CADWALLADER, E. M. Filosofia básica da educação adventista. Tradução: Formandos do 3° ano de Pedagogia de 2006. Engenheiro Coelho, SP: Centro White, Unasp-EC, 2013. Disponível em: <http://centrowhite.org.br/files/ebooks/CW/FilosofiaEducacao/Filosofia%20B%C3%A1sica%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Adventista.pdf>. Acesso em: 1º abril. 2017.
CONFEDERAÇÃO DAS UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA. Pedagogia Adventista. 2 ed. rev. atual. Tauí, SP:  Casa Publicadora Brasileira, 2009. p. 27.
WHITE, Ellen G. Conselhos aos professores, pais e estudantes. Tradução de Isolina A Waldvogel. 5. ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011.
_____________. Conselhos sobre educação. Tradução de Carlos Alberto Trezza. 3. ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009.
_____________. Educação: Um modelo de ensino integral. Tradução de Flávio Lopes Monteiro. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008.
_____________. Fundamentos da educação cristã. Tradução de Naor G. Conrado. 2.ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996.
_____________. Mensagens escolhidas 3: dos escritos de Ellen G. White. Tradução de Isolina Avelino Waldvogel, Luiz Waldvogel. 3. ed. Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1987.
STANDISH, Collin D; ARAUJO, Gerson P. Uma visão adventista da educação. 2. ed. Engenheiro Coelho: Centro Adventista de Artes Gráfica, 2007.

Espiritualidade na família com base nos escritos de Ellen White

Diante da realidade que estamos vivendo, nos deparamos sempre com histórias de famílias sendo desfeitas. Sabemos que foi Deus que instituiu a família no Éden, assim como instituiu o sábado. O plano de Deus era que a família estivesse próxima dEle através da comunhão (Gên. 3:8), e que O representasse conferindo-lhe a bênção da reprodução e o domínio sobre toda a natureza (Gên. 1:26 e 28). Mesmo depois da queda continuou esse propósito de que a família fosse uma pequena representação do céu como um ambiente espiritual e que do seu seio expandisse o conhecimento do Senhor. 

Para que o lar possa ser uma representação do Céu, precisa ter contato com o céu. A oração é tão essencial, pois proporciona a aproximação e contato com Deus, contato esse indispensável para o desenvolvimento de todas faculdades do ser. Não é possível ter uma vida espiritual saudável e vigora sem a oração. Não pode haver segurança nem fortaleza do caráter sem passar tempo com Deus no lar. Como diz White (2014, p. 360):

Assim como os patriarcas da antiguidade, os que dizem que amam a Deus deveriam construir um altar ao Senhor onde quer que armem sua tenda. [...] Pais e mães deveriam muitas vezes erguer, de coração, orações a Deus em humilde súplica por si mesmos e por seus filhos. Que o pai, como sacerdote da casa, deponha sobre o altar de Deus o sacrifício da manhã e da tarde, enquanto a esposa e os filhos se unem em oração e louvor! Em uma casa assim, Jesus gostará de permanecer.

Milhares de famílias estão se degenerando e se dissolvendo pelas enxurradas do pecado e imoralidade ne nosso tempo. O interesse amorável de Deus é tamanho de alcançar tais famílias pelas quais o sangue de Jesus foi derramado, e restaura-las à semelhança da família edênica. É do Senhor que o lar seja uma bênção e todos sejam felizes, um lugar onde se dá gosto de viver e a paz do céu reine. Portanto,  

O lar é tanto uma igreja de família como uma escola de família. A atmosfera do lar deve ser tão espiritual que todos os membros da família, pais e filhos, sejam abençoados e fortalecidos por sua associação uns com os outros. As influências celestiais são educativas. Os que estão cercados de tais influências estão sendo preparados para a entrada na escola do alto. (WHITE, 2010, p. 214)
O assunto da temperança é uma questão espiritual também. Uma das formas de testemunhar da graça salvadora e do poder transformador de Deus, é tendo uma vida equilibrada em relação à saúde e ao cuidado do corpo. Deus se comunica conosco através de nossa mente e, Satanás para impedir que essa comunicação seja perfeita, induz a condescender com a intemperança. 

Ninguém que professe piedade considere com indiferença a saúde do corpo, iludindo-se com o pensamento de que a intemperança não é pecado e não afeta a espiritualidade. Existe íntima correspondência entre a natureza física e a natureza moral. [...] Hábitos errôneos no comer e no beber levam a erros de pensamento e de ação. (WHITE, p. 62). 

A influência da espiritualidade da família bem ordenada pode ser poderosa e ter um longo alcance se sua relação com Deus é desimpedida, portanto, isso também depende em grande parte de como são cultivados no lar os hábitos da temperança, princípios de saúde e simplicidade no estilo de vida.   



WHITE, Ellen G. Conselhos sobre o regime alimentar. 10 ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 1997.
WHITE, Ellen G. Mensagens escolhidas. Tradução de Isolina A Waldvogel, Luiz Waldvogel. 4. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010. 3v.
WHITE, Ellen G. Orientação da criança: como ensinar seu filho no caminho em que deve andar. Tradução de Carlos A. Trezza. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014.