❓ Daniel 8:14. “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado.” A explicação dessa profecia aparece em Daniel 9:24 a 27, e aí ele fala da saída da ordem para restaurar Jerusalém até o Messias, etc. Quando é que se dá essa saída da ordem? Que ano para termos um ponto de partida?
📖 Texto-chave: Daniel 8:14
“E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.”(ARC)
Essa profecia não é explicada totalmente no capítulo 8. A explicação da parte "temporal" da visão — os 2300 dias — vem somente no capítulo 9, quando o anjo Gabriel retorna a Daniel e conecta essa nova mensagem com a anterior.
📖 Texto de explicação: Daniel 9:24–27
"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo..." (Daniel 9:24)
Gabriel diz que as 70 semanas (490 anos) são “determinadas” (ou cortadas) de um período maior — ou seja, das 2300 tardes e manhãs. Isso liga diretamente os dois capítulos.
Mas tudo começa com o ponto de partida histórico, que é:
📍 “Desde a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém” (Daniel 9:25)
A pergunta é: Quando essa ordem foi dada?
📅 Resposta: 457 a.C.
Essa é a data adotada com base na ordem do rei Artaxerxes I dada a Esdras, no seu sétimo ano de reinado. O decreto está registrado em:
Esdras 7:11–26
Esse decreto não foi só para reconstruir o templo (como os anteriores), mas envolvia:
-
autorização civil completa para Esdras ensinar a lei,
-
nomear juízes e magistrados,
-
regular o culto,
-
e usar recursos do império para a obra em Jerusalém.
👉 Por isso, é considerado o decreto completo para restaurar e edificar Jerusalém.
🧮 Contagem profética
A profecia segue o princípio dia por ano (Ezequiel 4:6; Números 14:34):
➤ 2300 tardes e manhãs = 2300 anos
Começando em 457 a.C., temos:
2300 anos → chegam até o ano de 1844 d.C.
🏛️ O que acontece em 1844?
“O santuário será purificado.” (Daniel 8:14)
A partir da perspectiva adventista:
-
Em 1844, Jesus entrou no lugar santíssimo do santuário celestial,
-
Iniciando a fase final de Seu ministério: o juízo investigativo (cf. Hebreus 8 e 9),
-
Esse evento marca o início do Dia da Expiação antitípico (Levítico 16), não na terra, mas no Céu.
📌 Resumo
Elemento | Detalhe |
---|---|
Ordem para restaurar Jerusalém | Decreto de Artaxerxes em 457 a.C. |
Onde está esse decreto | Esdras 7:11–26 |
Método de contagem | Um dia = um ano |
Início da profecia | 457 a.C. |
Fim dos 2300 anos | 1844 d.C. |
Evento profetizado | Purificação do santuário — juízo investigativo no Céu |
❓ Qual a evidência de que 457 a.C. é a melhor data? Existem alguns que pensam diferente. Existem alguns evangélicos que colocam outra data, que vai dar ao invés do ano 27 d.C., o ano 38, quando Jesus entra triunfalmente em Jerusalém. Como lidar com isso?
Alguns evangélicos dispensacionalistas ou futuristas defendem outras datas iniciais para as 70 semanas de Daniel 9 - e isso realmente leva a datas diferentes para o cumprimento da profecia, como o ano 38 d.C., ou mesmo futuras semanas “suspensas”. Vamos então olhar:
📜 1. Por que 457 a.C. é a melhor data?
🔹 A. Base bíblica sólida: Esdras 7
O único decreto que atende completamente a descrição de Daniel 9:25 — “para restaurar e edificar Jerusalém” — é o de Artaxerxes I em seu sétimo ano de reinado, conforme:
📖 Esdras 7:7–26Nele, Esdras recebe autoridade religiosa, civil e judiciária, com autorização para restaurar plenamente a vida da nação em Jerusalém.🟩 Os decretos anteriores de Ciro (Esdras 1) e Dario (Esdras 6) focavam só no templo, não em toda a restauração nacional.
🔹 B. Confirmação histórica segura
A data do sétimo ano de Artaxerxes é histórica e firmemente estabelecida como 457 a.C., com base em:
Registros persas (Papiros, inscrições, listas reais),
Cálculo do acesso de Artaxerxes ao trono em 465 a.C.,
Uso do calendário judaico religioso, que começa no outono.
Portanto, outono de 457 a.C. marca a emissão e execução do decreto (Esdras 7:8-9), quando Esdras parte da Babilônia.
🔹 C. Confirmação pelo Novo Testamento
Daniel 9:25 diz que desde a ordem até o Messias Príncipe haveria 69 semanas (7+62 = 483 anos).
457 a.C. + 483 anos = 27 d.C. (lembrando que não há ano zero entre a.C. e d.C.)
Esse é exatamente o ano do batismo de Jesus e início de Seu ministério:
“Ungido com o Espírito Santo” (Atos 10:38)“O tempo está cumprido” (Marcos 1:15)📌 Isso cumpre com perfeição a profecia: o Messias aparece aos 483 anos após o decreto.
🚫 2. Outras datas sugeridas por evangélicos (e suas falhas)
❌ Data: 445 a.C. (também decreto de Artaxerxes, mas a Neemias)
Base: Neemias 2:1–8
Problema: esse decreto trata de reconstrução dos muros, não da restauração nacional.
Resultado: 445 a.C. + 483 = 38 d.C. → Jesus já teria morrido (não faz sentido com o texto que diz “aparecerá o Ungido”).
Alguns tentam alegar que essa é a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, mas:
A entrada triunfal não é o “aparecimento” do Messias em seu ministério,
E não corresponde ao início das 70 semanas, nem à sua estrutura interna (corte do Messias na 70ª semana, por exemplo).
🧠 3. Outras falhas desses sistemas alternativos
Ignoram a unidade das 70 semanas (Daniel 9:24 fala delas como um bloco).
Cortam a 70ª semana e a jogam para o futuro, criando uma “lacuna” de milhares de anos (teologia dispensacionalista, sem base no texto).
Deslocam o foco da profecia de Cristo para o anticristo — o que é teologicamente perigoso e antibíblico.
✅ 4. Vantagens da data 457 a.C.
Critério Cumprido em 457 a.C.? Ordem completa para restaurar ✅ (Esdras 7) Apoio histórico sólido ✅ Confirmação pelo NT (batismo de Jesus) ✅ (Lucas 3:1; Marcos 1:15) Consistência com estrutura profética ✅
📌 Conclusão
A data 457 a.C. é:
A mais bíblica,
A mais historicamente precisa,
A que harmoniza perfeitamente com o ministério de Jesus,
E a que mantém Cristo no centro da profecia, como deveria ser.
As outras datas tentam ajustar o texto ao calendário ou à teologia, mas não se sustentam com base no próprio texto bíblico.
❓ Então, seguindo a linha histórica, as 69 semanas terminam no ano 27 d.C. Aí sobra mais uma semana, a última. E Daniel 9 vai dizer que na metade da semana fará cessar o sacrifício diário, e que seria morto o Ungido. Essa última semana termina no ano 34 d.C. Mas por que será que os dispensacionalistas deslocam essa última semana e jogam para o futuro, dando essa lacuna de tempo? O que tem na cabeça deles que faz eles fazerem isso? Se não existe nada no texto que permita, por que eles fazem isso?
🎯 1. Porque o sistema deles exige isso: eles creem num futuro plano separado para Israel nacional
O dispensacionalismo (criado por John Nelson Darby no século XIX) ensina que:
Deus tem dois povos separados:👉 A Igreja (gentios salvos agora)👉 E Israel nacional (que será restaurado literalmente no futuro)As 69 semanas se cumpriram até Jesus, mas como os judeus rejeitaram o Messias, Deus "pausou" o plano com Israel na 69ª semana e iniciou a "era da Igreja", um “parêntese” inesperado na profecia.
A 70ª semana, então, seria retomada só no futuro, após o “arrebatamento” da Igreja, e será marcada por:
reconstrução do templo em Jerusalém,
reinício dos sacrifícios,
surgimento do anticristo que fará um pacto com Israel e o quebrará na metade da semana.
📌 Eles aplicam Daniel 9:27 ao anticristo, não a Jesus, o que inverte o sentido do texto.
🧨 2. A origem histórica dessa ideia: contrarreforma jesuíta e futurismo
Surpreendentemente, essa interpretação nasceu no catolicismo romano para desviar o foco da Reforma Protestante, que identificava o anticristo com o papado. Veja o resumo:
Intérprete Ensinamento Objetivo Francisco Ribera (jesuíta, séc. XVI) A 70ª semana é futura; refere-se ao anticristo Desviar a aplicação protestante do anticristo papal John Nelson Darby (século XIX) Adota Ribera e estrutura o dispensacionalismo Cria a base teológica para o movimento futurista Essa teoria foi depois popularizada por C. I. Scofield, cujo comentário bíblico foi amplamente distribuído entre evangélicos nos EUA. Hoje, essa visão está presente em muitas igrejas batistas, pentecostais e neopentecostais.
📖 3. O que diz o texto bíblico? A Bíblia contradiz o dispensacionalismo.
Daniel 9:27 diz:
“Ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares.”
✝️ Os primeiros cristãos e os reformadores sempre entenderam:
"Ele" = o Messias (Jesus), não o anticristo.
Jesus fez um concerto (nova aliança) com muitos.
Na metade da semana (3 anos e meio após o batismo), foi morto, e com isso o sacrifício cessou (Mateus 27:51; Hebreus 10:10–14).
📅 Assim:
Marco Ano Início do ministério de Jesus 27 d.C. Morte na cruz (meio da semana) 31 d.C. Fim da semana com apedrejamento de Estêvão 34 d.C. Isso mantém a coerência do texto, sem lacunas.
❌ 4. Problemas sérios do sistema dispensacionalista
Quebra a unidade da profecia (as 70 semanas são dadas como um só bloco: "determinadas para o teu povo").
Faz Jesus sair do centro da profecia, substituído pelo anticristo.
Cria uma “teologia do parêntese” que não tem base textual.
Reintroduz sacrifícios no templo, o que contraria Hebreus 10:14.
✅ Conclusão: por que eles fazem isso?
Razão Explicação Doutrina do "arrebatamento pré-tribulacional" Exige que a 70ª semana esteja no futuro Separação entre Igreja e Israel Exige que Deus ainda vá tratar com Israel nacional Influência de Ribera, Darby e Scofield Raízes contrarreformistas e modernas Má exegese Desconhecem (ou ignoram) a aplicação cristocêntrica tradicional do texto
🧭 Por que o método historicista é o mais confiável?
O método historicista entende que as profecias bíblicas, especialmente em Daniel e Apocalipse, descrevem a sequência contínua dos eventos da história, desde os dias do profeta até o tempo do fim. Esse método:
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Mantém a unidade e sequência cronológica das profecias, sem lacunas artificiais;
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Aponta de forma clara e coerente para o cumprimento em Jesus Cristo, especialmente na profecia das 70 semanas;
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Foi o método adotado por reformadores como Lutero, Calvino, Wesley e outros, que identificaram corretamente o papado como o poder descrito em Daniel 7 e Apocalipse 13;
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É o único método que interpreta Daniel 8:14 como iniciando o juízo celestial em 1844 — algo confirmado pelo próprio contexto bíblico e pelas mensagens dos três anjos em Apocalipse 14;
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Evita os erros do preterismo (que joga tudo para o passado) e do futurismo (que joga tudo para o futuro), mantendo o equilíbrio da revelação progressiva de Deus na história.
O historicismo é, portanto, o método mais fiel à própria estrutura do texto bíblico e o que mais honra a centralidade de Cristo nas profecias.
✅ Conclusão
Ao seguirmos a linha cronológica natural da profecia de Daniel 8 e 9, vemos um cumprimento impressionante: a ordem para restaurar Jerusalém em 457 a.C., o batismo de Jesus no ano 27 d.C., Sua morte em 31 d.C., e o fechamento da porta para os judeus como nação em 34 d.C. Tudo isso confirma a fidelidade da Palavra de Deus.
Tentar separar a última semana das outras 69, como fazem os futuristas, exige romper com a unidade do texto, distorcer o papel do Messias e criar teorias que não têm sustentação bíblica.
O método historicista permanece como o caminho mais seguro para compreender as profecias — não só por sua lógica interna, mas porque mantém Jesus no centro da revelação profética.