sábado, 10 de maio de 2025

Estados Unidos na Profecia: o que Apocalipse 13 realmente revela?





A profecia bíblica tem despertado o interesse de estudiosos e cristãos ao longo dos séculos, especialmente no que diz respeito aos acontecimentos do tempo do fim. Um dos textos mais enigmáticos e discutidos é Apocalipse 13, que descreve duas bestas — uma que emerge do mar e outra que surge da terra. A identificação dessas figuras proféticas é essencial para compreender o cenário profético global.

Neste artigo, vamos explorar por que muitos intérpretes da linha historicista, especialmente os adventistas do sétimo dia, compreendem que a segunda besta de Apocalipse 13 representa os Estados Unidos da América. Faremos isso de forma lógica, fundamentada em textos bíblicos, contextos históricos e declarações atuais de líderes religiosos. O objetivo é mostrar que, apesar de parecer improvável à primeira vista, há uma base sólida para essa interpretação.


A Profecia da Segunda Besta: Uma Análise Geográfica

O texto de Apocalipse 13:11 apresenta uma segunda besta que emerge da “terra”, em contraste com a primeira besta, que surge do “mar”. De acordo com Apocalipse 17:15, o mar simboliza povos e nações densamente povoados. Por dedução, a terra representa uma região escassamente habitada, onde surgiria um novo poder político sem recorrer à conquista militar.

Esse cenário encaixa-se perfeitamente com o surgimento dos Estados Unidos no chamado “Novo Mundo”. Enquanto o papado enfrentava seu declínio temporário no final do século XVIII (1798), os EUA despontavam como uma nova potência global, com base em princípios inéditos até então: liberdade religiosa e civil, representadas simbolicamente pelos “dois chifres como de um cordeiro” (Ap 13:11). Essas características formam a espinha dorsal da Constituição americana.


A Aparência de Cordeiro e a Mudança de Discurso

Apesar de se parecer com um cordeiro — símbolo de mansidão e, em termos bíblicos, uma referência a Cristo — essa segunda besta fala “como dragão”. Isso aponta para uma transição alarmante: o país, inicialmente defensor da liberdade, acabará assumindo uma postura de intolerância religiosa e perseguição.

Historicamente, os colonos que fundaram os EUA buscavam exatamente a liberdade religiosa que lhes era negada na Europa. No entanto, a profecia indica que essa nação mudará sua postura com o tempo, adotando medidas coercitivas que refletirão os métodos do dragão — símbolo de Satanás (Ap 12:9).


A segunda besta de Apocalipse 13

Apocalipse 13 nos apresenta duas bestas proféticas. A primeira surge do mar, símbolo de povos e nações (Ap 13:1; cf. Ap 17:15). A segunda, no entanto, se levanta da terra (Ap 13:11), um território que, ao contrário do mar, representa um lugar relativamente despovoado, tranquilo, livre de grandes conflitos ou multidões de povos.

E é justamente essa segunda besta que merece nossa atenção aqui. João descreve assim:

"Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão" (Apocalipse 13:11).

Esse poder representa um país que surgiria em contraste com as potências anteriores. Ele se eleva em um território onde não havia grandes nações, durante o período em que a primeira besta (o papado) recebia sua ferida mortal (Ap 13:10), por volta de 1798.

Apenas uma nação cumpre com precisão essas características: os Estados Unidos da América.


As evidências proféticas apontam para os EUA

1. Surge da terra – O território americano estava relativamente desabitado (em relação a outras partes do mundo) quando começou a emergir como nação.

2. Surgimento ao redor de 1798 – Os EUA declararam independência em 1776, adotaram a constituição em 1789 e foram reconhecidos como potência global logo após 1798. Isso coincide com o momento em que a primeira besta recebeu sua ferida mortal.

3. Dois chifres como de cordeiro – Os chifres representam princípios de poder civil e religioso separados: liberdade civil (republicanismo - sem monarquia, sem rei) e liberdade religiosa (protestantismo - sem domínio papal). Ambas são bases do sistema americano.

4. Fala como dragão – Embora comece com aparência de cordeiro, os EUA progressivamente adotam atitudes autoritárias, contrárias aos princípios cristãos, especialmente ao promover leis que atentam contra a liberdade religiosa e os mandamentos de Deus.


Uma profecia ainda em curso

A profecia de Apocalipse 13 afirma que essa segunda besta exercerá toda a autoridade da primeira besta na sua presença (Ap 13:12). Em outras palavras, os EUA exercerão influência mundial semelhante à do papado medieval, especialmente no campo religioso. Isso se concretiza quando os EUA impõem adoração e promovem a imagem da besta – um sistema religioso que une igreja e Estado, à semelhança do que ocorreu na Idade Média.

Além disso, a profecia menciona um sinal, conhecido como a marca da besta (Ap 13:16-17). Os EUA terão um papel central na imposição desse sinal, pressionando o mundo a seguir os decretos da primeira besta. Esse sinal está relacionado à adoração falsa e à rejeição dos mandamentos de Deus, especialmente do sábado bíblico (Êxodo 20:8-11).


A imagem da besta: o retorno do poder religioso sobre o civil

Formar uma “imagem da besta” significa reproduzir o modelo de união entre Igreja e Estado que existiu sob o papado. Quando as igrejas protestantes, nos EUA, se unirem ao poder civil para impor suas doutrinas religiosas, estarão criando essa imagem. Assim, o país que nasceu promovendo liberdade de consciência se transformará no oposto: um poder perseguidor.

Ellen White comenta com clareza:

“Quando as igrejas principais dos Estados Unidos se unirem em pontos de doutrina que lhes são comuns e influenciarem o Estado a impor seus decretos e apoiar suas instituições, então a América protestante terá formado uma imagem da hierarquia romana” (O Grande Conflito, p. 445).


A marca da besta e o número 666: um alerta profético sobre adoração e autoridade

Apocalipse 13 encerra sua descrição profética com uma advertência solene: virá o tempo em que todos, “pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos” serão obrigados a aceitar uma marca na mão direita ou na testa (Ap 13:16). Aqueles que se recusarem enfrentarão boicotes econômicos e perseguição. O texto prossegue: “Aqui está a sabedoria: aquele que tem entendimento calcule o número da besta, porque é número de homem. Ora, esse número é 666” (v. 18).

Ao longo da história cristã, esse número tem gerado especulação. No entanto, à luz do próprio Apocalipse, a ênfase não está apenas no valor numérico, mas no sistema de autoridade religiosa que se opõe à soberania de Deus. A marca da besta representa um símbolo de lealdade a um poder humano que usurpa a adoração devida somente ao Criador — enquanto o selo de Deus (Ap 7:2-3; 14:1) representa a obediência voluntária à Sua vontade.

O número 666, ao ser descrito como “número de homem”, indica uma religião centrada no ser humano, não em Deus. É o contraste direto com o chamado à adoração do Criador, visto na mensagem do primeiro anjo (Ap 14:7). A profecia alerta, portanto, para um conflito final entre duas formas de adoração: uma baseada na tradição humana, outra na fidelidade à Palavra de Deus.


Conclusão

O Apocalipse não é apenas um livro de símbolos misteriosos, mas uma mensagem viva e urgente. Ele nos convida a examinar cuidadosamente em quem colocamos nossa confiança, quem seguimos e a quem adoramos. Quando alianças religiosas e políticas impõem normas contrárias à liberdade de consciência e à verdade bíblica, o cenário descrito em Apocalipse 13 se torna mais relevante do que nunca.

Mais do que temer o futuro, somos chamados a compreender os princípios que governam a verdadeira adoração e a liberdade religiosa. Ao fazer isso, estaremos preparados — não por pânico, mas por convicção — para escolher a quem prestaremos obediência. O livro do Apocalipse nos encoraja: mesmo em meio à pressão de poderes globais, é possível permanecer fiel aos princípios de justiça, verdade e liberdade que emanam do Deus Criador.



Referências:

Constituição dos Estados Unidos, Primeira Emenda. Disponível em: https://constitution.congress.gov/constitution/amendment-1/


The Catholic Mirror, 1893. Citado em diversas obras adventistas, como O Conflito dos Séculos, de Ellen G. White.


Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2168–2195. Disponível em: https://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P7O.HTM


James Gibbons, The Faith of Our Fathers, 1917. Citação: “You may read the Bible from Genesis to Revelation, and you will not find a single line authorizing the sanctification of Sunday...”. Disponível em: https://archive.org/details/TheFaithOfOurFathers


Ellen G. White, O Grande Conflito, capítulo 35 – A Liberdade de Consciência Ameaçada. Disponível em: https://egwwritings.org/?ref=GC.564&lang=pt


Papa Francisco, Laudato Si’, parágrafo 237. Encoraja o repouso dominical como parte do cuidado com a criação. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html

sexta-feira, 9 de maio de 2025

A Verdade Presente: conheça o canal que proclama a mensagem para o tempo do fim

   



O objetivo desse canal é apresentar mensagens relevantes para o tempo em que vivemos. Aqui serão apresentados séries de estudos bíblicos temáticos, respostas à objeções e à dúvidas, temas de cunhos evangelísticos e etc.

“Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados” (2 Pedro 1:12).



Na Bíblia, há apenas uma mensagem: o evangelho eterno (Ap 14:6). No entanto, em cada época, o Senhor sempre teve um povo proclamando Sua verdade. Para todas as gerações, há uma mensagem apropriada para aquele momento e situação. Para cada período da história, Deus tem uma mensagem específica. Essa mensagem é denominada “verdade presente”.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é um movimento profético para o tempo do fim. Ela tem a responsabilidade de pregar a “verdade presente”. Cremos que nossa igreja é um movimento profético de pregação e restauração da verdade para o período do tempo do fim.




Um Canal Comprometido com a Missão Profética

Este canal surge com o compromisso de contribuir para o cumprimento da missão confiada por Deus à Igreja Adventista: anunciar ao mundo as mensagens de Apocalipse 14:6-12, conhecidas como as três mensagens angélicas. Elas formam o cerne da "verdade presente" para este tempo e apontam para a necessidade de uma reforma espiritual, uma adoração pura e uma separação do erro religioso.

Vivemos em dias solenes, em que as verdades eternas da Palavra de Deus são constantemente atacadas por doutrinas humanas, filosofias relativistas e movimentos espirituais enganosos. Por isso, mais do que nunca, precisamos de clareza, fidelidade e coragem na proclamação da mensagem bíblica.


Conteúdo Bíblico, Temático e Relevante

Além de séries de estudos temáticos e respostas bíblicas a objeções comuns, este canal tem por objetivo:

Apresentar defesas racionais da fé adventista;

Esclarecer dúvidas doutrinárias com base na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White;

Promover reflexão espiritual e preparo pessoal para o tempo do fim;

Fortalecer a identidade missionária dos membros da igreja;

Servir como apoio para pequenos grupos, estudos pessoais e evangelismo digital.


Cada vídeo e artigo é produzido com atenção à fidelidade doutrinária, buscando não agradar ao mundo, mas exaltar a Cristo e anunciar o Seu breve retorno.



Por Que a Verdade Presente Importa?

A ideia de “verdade presente” não é novidade, mas uma realidade bíblica e profética. Assim como Noé teve uma mensagem para os seus dias, Moisés para o Egito, Elias para Israel, e João Batista para a primeira vinda de Cristo, hoje o povo remanescente tem uma mensagem urgente: "Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo" (Ap 14:7).

Portanto, a missão deste canal é se alinhar com essa convocação profética, preparando corações e mentes para a eternidade.


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Se você valoriza conteúdo fiel às Escrituras, compromisso com a missão profética e ensino bíblico relevante, convidamos você a:

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Seja você também um proclamador da verdade presente. Cristo está voltando, e cada um de nós tem um papel vital na proclamação final do evangelho eterno!




quinta-feira, 8 de maio de 2025

Leão XIV: o primeiro papa americano e a conexão com as profecias do Apocalipse



Introdução

A fumaça branca subiu mais uma vez sobre a Capela Sistina. Mas, desta vez, carregava um simbolismo inédito: pela primeira vez na história, um norte-americano foi eleito papa. Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, assume o trono de Pedro em um momento de grandes transformações sociais, geopolíticas e espirituais. Para muitos, é apenas uma mudança de liderança. Para outros, especialmente à luz da profecia bíblica, esse evento acende alertas escatológicos.

Neste artigo, vamos analisar a eleição de Leão XIV a partir de duas lentes fundamentais da cosmovisão adventista: a profética, baseada nos livros de Daniel e Apocalipse, e a teológica, considerando o significado de sua identidade agostiniana e sua escolha de nome papal.


1. O significado profético de um papa americano

A interpretação profética adventista, com base nas profecias de Apocalipse 13, entende que dois poderes se unirão no tempo do fim: a besta que sobe do mar (identificada historicamente com o papado) e a besta que sobe da terra (identificada com os Estados Unidos da América).

“E vi subir da terra outra besta... e exercia todo o poder da primeira besta na sua presença, e fazia que a terra e os que nela habitam adorassem a primeira besta...” (Apocalipse 13:11-12)

A eleição de um papa norte-americano parece — para muitos estudiosos proféticos — um elo simbólico entre esses dois poderes. Ainda que não devamos fazer aplicações apressadas, a escolha de Leão XIV pode ser vista como um “sinal” de aproximação e de harmonização entre dois gigantes do cenário profético.


2. O nome Leão XIV: um eco de Leão XIII?

A escolha do nome "Leão" também carrega peso histórico e simbólico. O Papa Leão XIII (pontificado de 1878–1903) ficou famoso por suas encíclicas sociais e por ser o primeiro papa a tentar se reconciliar com o mundo moderno. Foi também durante seu pontificado que a Igreja Católica deu sinais de tentativa de reconciliação com os protestantes, em um movimento que prenunciava a busca pela unidade.

A escolha de Leão XIV pode, portanto, sinalizar continuidade com esse espírito ecumênico, que, na visão adventista, se alinhará profeticamente com o cenário do fim — uma união religiosa sob uma liderança global.

“E vi uma mulher assentada sobre uma besta... com quem se prostituíram os reis da terra.” (Apocalipse 17:3-4)

O papado, segundo a profecia, volta ao centro do poder religioso e político mundial. A eleição de um papa de nacionalidade americana pode ser o "elo profético" que faltava nessa reconstrução de alianças globais.


3. A ordem agostiniana: teologia e centralidade da Tradição

Robert Prevost é o primeiro papa da Ordem de Santo Agostinho em mais de 500 anos. Agostinho de Hipona, teólogo do século IV, influenciou profundamente a doutrina do pecado original, da graça e da predestinação. Seu pensamento é um dos pilares da teologia católica, mas também foi apropriado, em parte, por reformadores como Lutero e Calvino.

A presença de um papa agostiniano pode significar um retorno à ênfase na tradição teológica, à doutrina como elemento de unidade, e até mesmo uma aproximação com o mundo protestante — o que, escatologicamente, é significativo.

“E todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição...” (Apocalipse 18:3)

Unidade religiosa à custa da verdade bíblica é um dos temas centrais das profecias sobre o fim. A teologia agostiniana pode ser usada como ponte doutrinária para essa falsa unidade.


Conclusão: um sinal dos tempos?

Não cabe aos servos de Deus marcar datas nem levantar alarmes apressados. No entanto, a eleição de Leão XIV deve ser observada com discernimento espiritual. Para o adventista, ela representa mais um elo visível na cadeia de eventos que se alinham com a profecia. Um papa americano. Um nome simbólico. Um teólogo agostiniano. Um tempo de globalização religiosa e moral.

“Estejam também vocês preparados, porque o Filho do Homem virá à hora em que vocês menos esperam.” (Lucas 12:40)

Ezequias, um reformador para a casião

 



Texto-base: 2 Reis 18:1-5

Introdução

Nos momentos mais sombrios da história de Judá, quando a decadência espiritual parecia irreversível, Deus levantou um homem segundo o Seu coração: Ezequias. Embora alguns reis anteriores tivessem feito o bem, nenhum se comparava a Davi. Ezequias é apresentado, então, como um verdadeiro filho de Davi, disposto a restaurar a nação espiritualmente.


1. Um Homem de Posição

Segundo o comentário de Moody, a vida de Ezequias foi avaliada à luz de sua fidelidade à aliança com Jeová, e ele a cumpriu. Num tempo de apostasia generalizada, Ezequias não se curvou à pressão política ou cultural. Pelo contrário, enfrentou oposição interna e externa (2 Rs 18:13-17) e introduziu uma reforma com base na retidão, como se vê em 2 Crônicas 29.


2. Um Homem Reformador

Ezequias promoveu uma reforma religiosa autêutica. Ele:

  • Removeu os altos, que eram centros sincréticos de adoração (2 Rs 18:4).
  • Destruiu os pilares idólatras e a serpente de bronze que havia se tornado objeto de culto.
  • Restaurou a casa do SENHOR e reestabeleceu o culto com base nas Escrituras (2 Cr 29-31).
  • Celebrou a Páscoa, convocando também tribos do norte (2 Cr 30), buscando a reunificação espiritual de Israel.


3. O Segredo do Sucesso de Ezequias

O texto de 2 Reis 18:5-6 destaca que Ezequias confiou no SENHOR como nenhum outro rei de Judá. Ele se apegou a Deus e guardou os mandamentos dados a Moisés. Sua segurança não estava em alianças políticas ou em poder militar, mas na fé.


4. Prosperidade como Consequência da Fidelidade Deus honrou sua fidelidade:

"O SENHOR estava com ele" (v. 7).

"Tudo o que fazia prosperava".

Ele se rebelou contra a Assíria, recusando a servidão a um poder opressor (v. 7), diferentemente de seu pai Acaz.


Conclusão

A história de Ezequias mostra que, mesmo em tempos de trevas espirituais, é possível viver com integridade e liderar reformas. A fidelidade à Palavra de Deus e a restauração do culto verdadeiro são os pilares de qualquer avivamento autêntico. A devoção genuína deve ser alicerçada na revelação divina e não em tradições humanas.

Apelo

Assim como Ezequias, somos chamados a confiar no SENHOR (2 Rs 18:5), viver com a certeza de Sua presença (Mt 28:19-20) e repetir com confiança: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4:13).


Por Gilberto Silva

terça-feira, 6 de maio de 2025

O fenômeno do "profeta mirim" e o perigo da confusão espiritual no tempo do fim



Introdução

Nas últimas semanas, ganhou destaque nas redes sociais e na imprensa gospel o chamado "pastor mirim" ou "profeta mirim", um garoto que se apresenta como profeta de Deus, realiza supostas curas, prega com autorização de adultos e usa um linguajar marcado por o que muitos identificam como “língua estranha”. Seu comportamento em podcasts, marcado por deboche e teatralidade, e seus discursos como: “Eu não sou pregador, eu sou profeta”, ou o meme que viralizou (“of the King the Power the best”), levantam questões sérias. Como os cristãos comprometidos com a Bíblia e com o discernimento espiritual devem avaliar manifestações como essa?" Estaríamos diante de um "mover do Espírito Santo" ou de uma confusão espiritual própria dos últimos dias? Este artigo busca refletir, sob base bíblica e doutrinária, sobre esse fenômeno à luz da Palavra de Deus.


1. O verdadeiro dom de línguas e o uso irreverente do sagrado

Segundo 1 Coríntios 14, o dom de línguas tem como propósito a edificação da igreja e se manifesta por meio de idiomas humanos, para evangelização e compreensão. O que hoje é chamado de “reteté” – acompanhado de sons incompreensíveis, gritos e gestos descontrolados – não encontra respaldo no Novo Testamento. O próprio apóstolo Paulo adverte: "Se não houver quem interprete, fique calado na igreja" (1Co 14:28).

Quando Miguel Oliveira afirma em podcast: “Eu falo a língua que eu quiser”, ele trata o dom como propriedade humana, e não como dom concedido soberanamente pelo Espírito. Isso revela falta de reverência e desonra ao sagrado.

2. O papel e os testes do profeta verdadeiro

O dom profético é reconhecido como vigente por muitos cristãos, mas deve ser rigorosamente testado pelas Escrituras. Os verdadeiros profetas:

Testemunham de Jesus (Ap 19:10);

Estão em harmonia com a Lei e o Testemunho (Is 8:20);

Chamam o povo ao arrependimento e à santidade (Jr 23:22);

Vivem em humildade e simplicidade (Mt 11:29).

O fenômeno do "profeta mirim" não cumpre esses requisitos. O foco está mais na figura do menino e em suas excentricidades do que na exaltação de Cristo ou na conversão de corações. Não há, em suas pregações, um apelo claro à reforma da vida, à santidade ou à submissão à vontade divina.

3. A exposição precoce de crianças como líderes espirituais

O ministério com crianças é de grande valor, mas elas devem ser preparadas e discipuladas com sabedoria, não colocadas prematuramente em posição de autoridade espiritual sobre os adultos. Usar uma criança como figura profética é uma inversão da ordem bíblica, que associa a liderança espiritual à maturidade, ao discernimento e à experiência com Deus.

Mesmo os exemplos bíblicos de crianças chamadas por Deus, como Samuel e o próprio Jesus, mostram que houve um longo processo de crescimento e submissão. Samuel ouviu a voz de Deus ainda jovem, mas foi discipulado por Eli antes de assumir qualquer autoridade espiritual. Jesus, aos 12 anos, já demonstrava sabedoria, mas só iniciou seu ministério público aos 30 anos, após um período de preparo e maturidade.

Expor uma criança como “profeta” ou líder espiritual sem esse processo é arriscado. Isso pode abrir portas para vaidade, presunção e pressão psicológica, comprometendo seu desenvolvimento espiritual e emocional.


4. A banalização do sagrado e o entretenimento religioso

A teatralidade, o deboche em entrevistas e o uso da religião como show fazem parte de um contexto mais amplo de apostasia. É a religião usada como entretenimento. Paulo advertiu que nos últimos dias haveria pessoas "que não suportarão a sã doutrina, mas, tendo coceira nos ouvidos, ajuntarão mestres para si mesmos" (2Tm 4:3).

O culto que deveria ser solene torna-se espetáculo. Isso prepara o caminho para o engano espiritual e para falsos avivamentos.


5. Um sinal dos tempos: como nos dias de Noé

Jesus advertiu: "Assim como foi nos dias de Noé, será também a vinda do Filho do Homem" (Mt 24:37). Os dias de Noé foram marcados por corrupção espiritual, sensualidade, violência e distorção da verdade. Falsos profetas, confusão espiritual e religiosidade teatral fazem parte desse cenário escatológico.

A própria existência de "pregadores mirins", que em vez de chamar ao arrependimento promovem shows e viram memes, é um sinal claro do cumprimento dessa profecia.

Conclusão

O fenômeno do "pastor mirim" deve ser encarado com discernimento e sobriedade. Longe de ser um mover do Espírito, trata-se de um reflexo da confusão espiritual dos últimos dias. A Igreja Adventista do Sétimo Dia continua firme em sua missão de proclamar a verdade bíblica, o juízo vindouro, o chamado ao arrependimento e a esperança da breve volta de Jesus. Devemos orar por discernimento, instruir os mais novos com responsabilidade e não nos deixarmos levar pelos ventos de doutrina nem pelos apelos sensacionalistas que se disfarçam de espiritualidade.