Resenha crítica por: Gilberto B. da Silva


William Miller, que sempre fora ligado ao campo,
quando adulto, adotou o deísmo por associar-se com deístas, retorna com
entusiasmo a estudar a Bíblia, após um apelo comovente de um pregador. Estudou
intensamente Bíblia usando apenas uma concordância bíblica de Cruden. Começou
no Gênesis e não avançava um versículo enquanto não o tivesse entendido. Certa
vez se deparou com o texto que o marcaria para o resto da vida: “até duas mil e
trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” Daniel 8:14. Usando
outros textos como Ezequiel 4:6 e 7 e outros mais, concluiu que as 2.300 tardes
e manhãs representavam 2300 anos literais que teriam começado em 457 A.C e
terminariam em 1844 d. C. Aceitou a ideia comum de que na era cristã a Terra é
o santuário. Para ele, essa era a mensagem que Deus lhe confiara.
Miller e seus companheiros sofreram desapontamento por
não compreenderem o significado da profecia, se baseando em Daniel 8:14 e
Apocalipse 14:7, foram desatentos com o cerimonial típico prefigurando uma obra
de juízo a ser iniciada no céu e as restantes mensagens contidas em Apocalipse
14.
Enquanto Miller e seus companheiros deram a mensagem
do advento da América do Norte, surgiram em outros países grupos isolados que
estudaram as profecias e acreditaram no iminente advento de Jesus. Na América
do Sul, na Alemanha, França e Suíça, Escandinávia, em toda parte, o pungente
testemunho das profecias apontava para a vinda de Cristo na primavera de 1844.
Um desapontamento amargo fora experimentado devido a um equívoco no cálculo dos
períodos proféticos: os eventos, pois Cristo não aparecera.
Antes do grande dia esperado, no verão de 1844, devido
a “demora, tardança” se instalara o fanatismo através dos que eram
superficiais; para os que permaneceram na esperança e na fé, encontraram alento
nas profecias de Habacuque 2:1-4, Ezequiel 12:21-25, 27, 28 e na de Mateus 25
que os ajudou a resistir o fanatismo. E após o desapontamento continuaram com
suas pesquisas para entender onde erraram, e entenderam com base em Hebreus
8:1, 2, 5; 9:1-5, 9, 23, 24 e em Apocalipse 11:19 que o santuário a ser
purificado era o do Céu em vez de a Terra, e que Cristo desempenharia ali seu
Sumo Sacerdócio ministrando os méritos do se sacrifício em favor do Seu povo.
Ellen White traça um paralelo entre a experiência dos
discípulos de Cristo por ocasião da entrada triunfal cruz e a dos mileritas no
desapontamento do dia 22 de outubro de 1844. Assim como os discípulos passaram
por uma prova crítica por compreender mal o caráter do reino do Messias, os
adventistas mileritas enfrentaram um amargo desapontamento por compreenderem
erroneamente os eventos descritos nas profecias e, assim, Deus, cumprindo Seu
desígnio, provaria o coração dos que professaram crer na mensagem.
O que podemos concluir finalmente é que Deus esteve
guiando o seu povo no movimento adventista como conduziu seu povo em todas
épocas. Como disse Miller em sua carta, Deus em sua sabedoria e bondade os
estava purificando, humilhando e os preparando para o reino. Miller esclarece bem
que, apesar de ter sido decepcionado, não estava abatido ou desanimado, não
perdeu de vista a “bendita esperança” e que continuava a aguardar a vinda de
Jesus a qualquer momento.
Referências:
Letter from WM. Miller.
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito. 36 ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1988.
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