Como minimizar os equívocos eclesiásticos no tocante à disciplina?
Como fazer as igrejas cumprirem seu papel primário na disciplina eclesiástica?
INTRODUÇÃO
O manual segue a bíblia e o Espírito de profecia para falar do assunto e por isso vamos abordar com base neles.
Como disse o psiquiatra Içami Tiba, “É difícil dar um novo significado a algo já consagrado como disciplina.” Foi atendendo a esta proposta que se faz necessário descobrir quais os verdadeiros passos a se tomar e assim minimizar os equívocos que as igrejas normalmente comentem ao aplicar a disciplina ao se deparar com um irmão em falta. O que a igreja deve fazer? Biblicamente falando, qual é a finalidade da disciplina eclesiástica? Qual seu processo? Será que Deus disciplina o pecador baseado nos conceitos do senso comum?
O CONCEITO
O que é disciplina?
Para que se possa adentrar no assunto de disciplina eclesiástica, será necessário conhecer o conceito básico da palavra disciplina.
A palavra disciplina possui diversos conceitos e alguns destes conceitos se tornam desconhecidos para muitas pessoas. Porém, é imprescindível que a comunidade eclesiástica tenha seu devido conceito bem esclarecido para tomar decisões que sejam assertivas, pois estará lidando com pessoas.
No dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, a palavra disciplina é conceituada como: “Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao Instrutor; Ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização (militar, escolar etc.); Observância de preceitos ou normas. Ensino, instrução, educação.
Enquanto que, o dicionário de filosofia Abbagnano, aborda, em um de seus conceitos, disciplina como “função negativa ou coercitiva de uma regra ou de um conjunto de regras, que impede a transgressão à regra.”
É notável que no senso comum a palavra disciplina tenha uma definição de autoritarismo, talvez devido a falta de diálogo entre a partes disciplinada e a disciplinadora, como também, a falta de conhecimento do conceito da palavra, o que torna dificultoso mudar o pensamento da membresia que já a entende de maneira negativa, trazendo este conceito errôneo para dentro da igreja, seus reflexos são visíveis ao lidar com uma pessoa que infringiu as regras.
A Bíblia também apresenta o seu conceito sobre a disciplina e por ela ser a única autoridade da Igreja, iremos iniciar abordando os conceitos apresentados pela Bíblia. Consequentemente, não deixaremos de abordar, em cada tópico apresentado, o que consta nos escritos inspirados do Espírito de Profecia.
DISCIPLINA
1. Deus disciplina porque ama
A bíblia deixa claro que Deus faz uso da disciplina. Ele foi o primeiro a fazer uso deste recurso quando ainda no céu (Ez. 33:7-9) e através de seu ato e motivação, Deus pretende que se aprenda com Ele.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19). Este verso, por exemplo, faz uma alusão ao que está escrito em Provérbios 3:12 onde diz que “O SENHOR repreende a quem ama”. Em Apocalipse, por exemplo, João está escrevendo à última igreja das sete que Deus havia escolhido para recebê-las.
O ato de Deus ao disciplinar possui uma conotação de amabilidade, independentemente da situação em que a pessoa se encontra, se ela é fiel ou infiel. O amor de Deus está em todos os seus atos, inclusive o da disciplina.
Segundo Agostinho, Se não recebemos disciplina não somos filhos de Deus. Isso nos mostra a importância da disciplina para Deus. Nenhum pai permitiria que seu filho encostasse num fio de alta tensão, mesmo que para isso ele tivesse que repreendê-lo. Isso acontece porque ele o ama.
Deus amava a Moisés e por amá-lo, quis o melhor para ele. Moisés, entendendo esse amor, se permitiu ser disciplinado pelo Senhor. Ellen White escreve que “As pessoas que recusam avançar até que vejam todo passo claramente assinalado à sua frente, nunca efetuarão muita coisa; mas todo homem que manifesta sua fé e confiança em Deus submetendo-se voluntariamente a Ele, suportando a disciplina divina que lhe é imposta, tornar-se-á um obreiro de êxito para o Senhor da vinha. Em seus esforços para habilitar-se a ser cooperadores de Deus, os homens com frequência se colocam em tais posições que os inabilitam completamente para a moldagem e modelação que o Senhor deseja dar-lhes. Não são, pois, portadores, como Moisés, da semelhança divina. Submetendo-se à disciplina de Deus, Moisés tornou-se um instrumento santificado por cujo intermédio o Senhor podia operar.” (Fundamentos da Educação Cristã, 345).
Ao Deus falar em provérbios e até mesmo em Apocalipse, podemos por inferência e dedução, aplicar este amor à sua igreja atual. Apesar de ser falha e defeituosa, a igreja inteira ainda é objeto de busca do amor do Senhor. “Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados por preço infinito, e estão vinculados a Ele pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado.” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 260)
O guia para ministros deixa claro que “o amor precede o castigo” e por isso, conhecer do amor de Deus e em que é pautado a sua disciplina é primordial para o verdadeiro cristão e principalmente para o pastor da igreja.
2. Os pais devem disciplinar os filhos
Como vimos anteriormente, Deus ama o ser humano e por amar é que ele o disciplina. Não como um desconhecido, mas como um pai, ou seja, possui um vínculo íntimo do disciplinador e do disciplinado. Deus recomenda, através da Bíblia, que os pais terrestres disciplinem seus filhos.
“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.” (Provérbios 13:24).
Este é um dos textos em que o autor bíblico faz uma conexão entre castigo e disciplina. Ao não fazer o uso da vara, o pai estaria negligenciando o seu papel de disciplinador.
A vara traz uma representação do que seria um castigo. No Antigo Testamento, a vara era utilizada pelos pastores para puxar uma ovelha que estivesse se distanciando do bando ou até mesmo resgatá-la de algum lugar onde era impossível chegar. Em suma, ela era utilizada para a ovelha que estava fora dos limites.
O termo hebraico utilizado em provérbios 13:24 para vara é usado em outras ocasiões como se fosse uma vara de disciplina usada por alguém numa posição de autoridade, como no caso do castigo corretivo de um pai (Pv 13.24; 22.15; 23.13, 14; 29.15), da aplicação de uma pena por uma autoridade pública (10.13) ou de Deus (Jó 21.9; 37.13). Só utiliza a vara quem tiver autoridade.
Ao abordar a disciplina bíblica num conceito mais preventivo, podemos encontrar em Deuteronômio 6:7 em que Moisés escreve ao povo hebreu para eles inculcarem na mente dos seus filhos a lei do Senhor e falar dela “assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” O que indica que após os pais hebreus entenderem do amor de Deus e Sua lei, deveriam repassar a seus filhos a todo instante. Este ensino deveria permear a vida da família hebreia e isso é ser um disciplinador.
Ellen White esclarece esta atribuição dos pais com o seguinte parágrafo:
“Depois da disciplina do lar e da escola, todos terão de enfrentar a severa disciplina da vida. Como enfrentá-la sabiamente, é a lição que se deve explicar a toda criança e jovem. É verdade que Deus nos ama, que Ele está trabalhando para a nossa felicidade, e que, se Sua lei tivesse sempre sido obedecida, jamais teríamos conhecido o sofrimento; não menos verdade é que neste mundo, como resultado do pecado, sobrevêm à nossa vida sofrimentos, perturbações e cuidados.” (Educação, 295).
Talvez os pais já reconheçam este amor e a Sua importância para seus filhos, mas o que é ressaltado nesta citação do livro Educação é que cabem aos pais a transferência do funcionamento da disciplina divina a seus filhos. Deus deseja a felicidade do ser humano e esta felicidade depende da harmonia com Sua lei. Quando se infringe a Lei de Deus sofrem-se graves consequências. Enquanto esse filho está em idade de dependência total de seus pais, é obrigatoriedade de seus pais ensinarem seus filhos.
Um fato da vida é que não há maneira mais segura de arruinar o futuro de um menino que permitir que ele faça o que quiser. O ditado popular "Quanto mais cedo melhor" se encaixa perfeitamente na proposta bíblica. Um pai que realmente deseja bem ao seu filho o mantém sob estrita disciplina, para dar-lhe enquanto ele ainda é capaz de ser influenciado na direção certa e não permitir erros na raiz dele mesmo; mas aquele que é indulgente com o filho quando ele deve ser rigoroso, age como se ele realmente desejasse sua ruína.
3. Coloca em harmonia com a vontade de Deus
Outro conceito bíblico sobre disciplina é a que coloca a vontade de Deus no centro de nossas escolhas. Os autores bíblicos escrevem sobre a disciplina com o propósito final de obediência a Deus. Seja quem for o agente disciplinador, sua educação ou correção tem o objetivo de colocar o disciplinado no caminho correto, instruído por Deus.
Um texto bíblico que dá um panorama geral deste conceito é do Hebreus 12, onde seu autor, ao escrever para pessoas sofreram pacientemente a perda de seus bens e suportaram muitas humilhações, no entanto os acusa de indolência, porquanto se rendiam ao cansaço em meio à jornada, e não prosseguiam com coragem até a morte.
5e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco:
Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; 6porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 7É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?8Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.9Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?10Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.11Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.12Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos;13e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado.
Podemos observar neste texto que o autor de Hebreus se preocupa com a conduta de seus remetentes e por isso, coloca Deus acima da figura disciplinadora (os pais), mostrando a eles a importância de submeter-se a disciplina de Deus. Se a não aceitação da disciplina dos pais é um ato de rebelião, quem dirá negligenciar a disciplina do Criador de todas as coisas e mantenedor até das coisas que não se veem.
É obvio que os pais, na intenção de fazer o melhor, são deficientes em suas ações disciplinadoras. Mas Deus nunca erra! Possui todos os atributos conhecidos e desconhecidos para levar o ser humano em Sua direção. Por mais doloroso que possa ser, sua recompensa será um relacionamento reto com Deus e com o homem, no qual reinará suprema paz.
A autora Ellen White corrobora com este conceito e escreveu: “Deus deseja que Seu povo seja disciplinado e posto em harmonia de ação, para que se possam ter o mesmo ponto de vista e os mesmos sentimentos e o mesmo critério.” (Mente Caráter e Personalidade 1, 269).
Uma importante observação da autora é a de que Deus deseja disciplinar um povo e não uma única pessoa. Isso porque Ele deve ter um propósito. Uma igreja onde cada um faz o que quer, na hora que quer, não é um organismo vivo ideal como Deus deixou pré-estabelecido. Talvez seja por isso o Seu propósito em colocar à todos na mesma direção, de maneira que trabalhem harmonicamente para a Sua Obra.
Mais adiante, será apresentado da pessoa que está destoando dentro de um povo que caminha com o mesmo foco e ponto de vista, mesmos sentimentos e critérios, e como a Bíblia ensina a lidar com esta parte que incomoda todo o organismo (Igreja).
4. O esforço para ser disciplinado vem de cada um
Pode parecer estranho, mas a bíblia também ensina sobre a autodisciplina. Que por sua vez, tem um importante propósito na vida em comunidade. Segundo Stefano de Fiores, a autodisciplina é um elemento indispensável na colaboração e corresponsabilidade dos indivíduos que fazem parte de uma comunidade. Quem dirá biblicamente falando.
O texto bíblico mais cristalino para este tópico é o de Paulo ao escrever aos Coríntios. Ele se aproveita de um evento superimportante que estava ocorrendo na época, era os jogos de Istmo. E pelos coríntios estarem bem familiarizados com estes jogos, utiliza atletas como exemplo de serem autodisciplinados para alcançarem suas vitórias.
Parte desta ilustração está em 1 Coríntios 9:
24Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.
25Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível.26Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar.27Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.
A comparação é uma maneira falha de se apresentar o que é real, mas Paulo se utiliza de uma competição dos Jogos para compará-la a caminhada dos cristãos. Ele faz uma analogia dos atletas com os cristãos.
Paulo, ainda, se faz de exemplo para com os corintos ao dizer que além dele ser um competidor ele sabe exatamente como competir com eficácia. Tudo isso se dá as privações que ele aderiu no decorrer de seu ministério e hoje ele consegue vencer. Mesmo assim, vive em constante luta consigo mesmo ao dizer que “esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão” mostrando assim, seu firme propósito de obter vitória absoluta sobre todas as inclinações, paixões e tendências corruptas. Para ele não havia meio termo. Sabia que devia ser uma luta até o final, sem se importar com o sofrimento e a angústia da natureza terrena; o mal que lutava contra suas aspirações espirituais devia morrer.
A autodisciplina é algo que deve ser trabalhado no cristão, pois ela é bíblica. E assim como toda decisão é tomada na mente, o Grande Conflito ocorre justamente ali. Quem terá o controle da mente é o vencedor.
O cristão deve constantemente submeter a sua mente com as coisas que são de Deus, isso é o que a bíblia defende, e só assim crescerá no outro conceito de disciplina bíblica. Ellen White disse que “O esforço feito pelos jovens a fim de disciplinar a mente em busca de elevados e santos ideais, será recompensado.” (Conselhos sobre Educação, 149). E pode-se trocar a palavra “jovens” por “cristãos” facilmente. Pois não foi nada diferente disso que Paulo escreveu em Coríntios, em Filipenses 4, em Romanos 6, 15 e em tantos outros escritos seus.
Os pais dão a disciplina dos filhos, pois eles não têm maturidade para compreender que estão errando, mas na medida que ele cresce, deve se policiar e vencer essas tendências. O cristão a mesma coisa, quando sabe o que é certo e o que é errado, deverá autodisciplinar-se, porém certos de que, aquilo que não conseguem por si só, Deus fará como um pai faz com seu filho.
Nesta primeira parte foi abordado alguns conceitos amplos da disciplina na Bíblia e foi visto que ela possui diversas áreas de atuação, como dar ensinamento, correção, treinamento, repreensão e até mesmo autocontrole. Procurou-se nesta primeira parte teorizar mais e daqui em diante abordar aspectos cristãos mais práticos, num contexto eclesiológico.
Por se tratar de praticidade, outras literaturas eclesiásticas como o Manual da Igreja serão utilizadas para enfatizar os assuntos.
DISCIPLINA ECLESIÁSTICA
A disciplina eclesiástica é um termo normalmente utilizado para quando uma determinada igreja toma uma decisão punitiva em relação ao um membro errante. Porém a Bíblia ensina aos cristãos a como lidar de maneira correta quando se estiver diante de tal situação.
"A disciplina deve ser considerada não um ato de punição, mas uma tentativa de restaurar as pessoas ao discipulado. A disciplina funciona como salvaguarda da igreja, a fim de preservar a pureza da doutrina e do comportamento em seus membros." (GUIA, 2010, p. 155).
As diversas denominações que existem, possuem manuais e guias que as aconselham na aplicação da disciplina. Devido a esta realidade, algumas atitudes práticas podem divergir umas das outras, mas nenhuma delas poderá ser diferente dos princípios bíblicos.
Antes de mais nada, será que a Igreja pode disciplinar alguém? Os textos bíblicos lidos até agora só demostraram que Deus, os pais e a própria pessoa fazem uso da disciplina. Qual é então as prerrogativas da igreja no tocante a disciplina?
1. Deus concede à igreja a autoridade de disciplinar
O texto-chave para esta verdade está em Mateus 16, quando Pedro faz a maior declaração sua sobre Cristo e Cristo apresenta a grande reponsabilidade que Seus apóstolos teriam na terra.
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céu.” (Mateus 16:19).
A redação sugere que a passagem bíblica do verso se refere a a coisas, nesse caso crenças e atos, não diretamente a pessoas. Essas palavras foram direcionadas a Pedro pelo fato dele, como representante dos apóstolos, ter dito que eles viam a Cristo como o Filho de Deus. O comentário bíblico Adventista Vol. 6 afirma que hermeneuticamente, Cristo não falou somente a Pedro, mas a todos os apóstolos que ali estavam, pois eles seriam os futuros representantes da igreja cristã.
Quem dá apoio a esta interpretação é o guia de artigos Faith life:
“A ligação e a liberação podem referir-se ao que Peter e os líderes da igreja proíbem (vinculam) ou permitem (liberação). Isso parece indicar que a Igreja e sua liderança têm autoridade para realizar a vontade de Deus e se opor aos poderes do mal.[...] A aplicação desta autoridade poderia referir-se [...] também às disciplinas que os apóstolos adotariam para a Igreja”.
“Ligar” e “desligar” são termos rabínicos, significando proibir e permitir. Naturalmente, se uma pessoa continuava fazendo e crendo o que era proibido, recusando arrepender-se, a mesma seria disciplinada; ao contrário, se ela se arrependesse de seu mau caminho, a mesma seria perdoada: a “exclusão” seria suspensa. Daí, indiretamente a passagem também tem implicações com respeito à conduta correta ou ausência de boa conduta por parte dos membros da igreja.
A Igreja possui autoridade para disciplinar. Ellen White escreveu:
“À igreja foi conferido o poder de agir em lugar de Cristo. É a agência de Deus para a conservação da ordem e disciplina entre Seu povo. A ela o Senhor delegou poderes para resolver todas as questões concernentes à sua prosperidade, pureza e ordem. Sobre ela impôs a responsabilidade de excluir de sua comunidade os que são indignos, os que por seu procedimento anticristão acarretam desonra para a causa da verdade. Tudo quanto à igreja fizer em conformidade com as instruções dadas na Palavra de Deus, será sancionado no Céu.” (Testemunhos para a Igreja 7, 263).
Não obstante, possui também a responsabilidade de disciplinar o seu membro de maneira correta e fidedigna, com critérios bíblicos que já foram pré-estabelecidos. Isso se deve para o bom andamento da igreja como organismo vivo de Cristo (ver Harmonia com a vontade de Deus) e esta ideia também é defendido por Ellen White, segundo o Manual da igreja Adventista na página 60:
“Deus considera seu povo, como um corpo,
responsável pelos pecados que existem em indivíduos em seu meio. Se os dirigentes
da igreja negligenciam buscar com diligência os pecados que trazem o
desfavor de Deus sobre a corporação, eles se tornam responsáveis por estes pecados”
(ibid., v. 3, p. 269).
“Caso não houvesse disciplina e governo eclesiásticos, a igreja se esfacelaria;
não poderia manter-se unida como um corpo” (ibid., v. 3, p. 428).
A igreja deve julgar os atos da pessoa e não os motivos, pois o coração é jurisdição exclusiva de Deus. A Igreja Adventista por anos ensina desta forma. Na Revista Adventista de maio de 1996, um artigo escrito pelo pastor Marlinton Lopes, secretário ministerial da Associação Sul Rio-gradense, faz uma comparação da Igreja com os sacerdotes hebreus e suas funções no ritual do santuário:
“No antigo ritual do santuário, os sacerdotes tratavam apenas os atos exteriores do culto, deixando para Deus o julgamento dos motivos que geravam esses atos. Por semelhante modo, a igreja deve restringir sua disciplina aos frutos visíveis do pecado, sem legislar sobre as intenções ocultas do coração.” (pág. 7)
Percebe-se, então, que a autoridade dada por Cristo a Sua igreja é indiscutível, mas devido a sua autoridade, possui grande responsabilidade em aplicar a disciplina e ter o cuidado de aplica-la de acordo com os princípios ensinados pelo próprio Mestre. Tomando os devidos cuidados para não exceder as suas atribuições.
Esta autoridade é dada única e exclusivamente a igreja, o corpo de Cristo, e não à comissão da Igreja como alguns líderes pensam. Quando pensam dessa maneira, se tem no mínimo dois problemas: O primeiro é que os líderes máximos da igreja local agem de maneira unilateral, pensando estar fazendo o que é bíblico e tomam decisões equivocadas num assunto onde se deve ter prudência.
Um segundo problema é o de os membros da igreja local passarem o que deveria ser da responsabilidade deles aos líderes maiores, assim, são omissos nas decisões gerando muitas vezes desconforto e dissenção na igreja, exatamente o oposto do propósito que era unir as intenções e ações.
O Manual da Igreja Adventista diz:
“A comissão pode recomendar a remoção a uma reunião administrativa, mas em
nenhuma circunstância tem a Comissão da Igreja o direito de tomar a decisão
final. Exceto em caso de falecimento de membros, o secretário só pode remover
um nome do rol de membros após voto da igreja em uma reunião administrativa.” (pág. 67)
Assim como em outros assuntos de menor complexidade, a comissão da igreja só pode, no máximo, propor a disciplina de um membro. No caso da sentença máxima da disciplina, que é a remoção, só será feita pela secretária da igreja, sem o prévio aviso, se o membro houver falecido. Ou seja, esta autoridade possui normas que se estritamente seguidas evitarão futuros transtornos a comunidade eclesiástica.
2. Os propósitos da Disciplina eclesiástica
“A disciplina deve ser considerada não um ato de punição, mas uma tentativa de restaurar as pessoas ao discipulado. A disciplina funciona como salvaguarda da igreja, a fim de preservar a pureza da doutrina e do comportamento em seus membros.” (Guia para ministros, 156).
Devido a pluralidade de conceitos corretos sobre o que é disciplina, é interessante notar que todos possuem ligação com os vários propósitos da disciplina eclesiástica. Segundo o pastor adventista Jonas Arrais “o propósito da disciplina [...] é restaurar [seus filhos] a comunhão e utilidade no corpo de Cristo.” Está divido, assim, em três pilares: Educativo; Curativo e Redentivo.
2.1 – Educar
Paulo dando conselho a seu pupilo, Tito que pelo Testemunho ser exato, ou seja, fidedgno, ele se torna a base para exortação, repreesnção e por que não educação!?
“Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé” Tito 1.13 (RAStr)
Uma das maiors lições que o disciplinado pode receber é o de ser educado no comportamento que rege o Reino dos céus.
“É propósito de Deus que haja unidade entre seus filhos. Não esperam viver
juntos no mesmo Céu? [...] Os que se recusam a trabalhar em boa harmonia desonram
grandemente a Deus” (ibid., v. 8, p. 240).
Toda pessoa que deseja ter acesso ao Reino celeste deverá ter prazer na lei que rege o local. Mas como gostarão se não for apresentado a elas esse sistema? Por isso, é dever da igreja através de ensinamentos teóricos, práticos e aplicação da disciplina, ensinar as pessoas que o sistema de Deus é de amor.
2.2 – Curar
Não se pode deixar de lado que toda disciplina possui um princípio indispensável, o amor. E como Deus, o que ensinou como deve ser o ato da disciplina, é amor (1João 4:8), este elemento é fundamental à Igreja na hora de aplicar a disciplina.
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gálatas 6:1).
O “espírito de brandura” demonstra se a igreja está seguindo ou não as diretivas bíblicas ao aplicar disciplina. Assim como o pastor que vai atrás da ovelha perdida e depois de encontrá-la e leva-la de volta ao aprisco ele cuida de suas feridas, a atitude da igreja deve ser de semelhante modo. Este irmão (o irmão errante) precisa de cuidados que, no momento, só a igreja poderá proporcionar a ele.
“A igreja é chamada a exercer não só um ministério de pregação e reconciliação, mas também um ministério de cuidar dos que estão dentro de suas portas. Parte desse cuidado inclui a disciplina.” ( R. C. Sproul)
2.3 – Redimir
Talvez este seja o pilar central dos propósitos da disciplina. O irmão culpado deverá ser resgatado, sem que a igreja o pré-julgue pelo seu ato. A igreja precisa ter em mente que o ato de disciplinar deve ser um meio de alguém que está desviado voltar ao rebanho.
“Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.” (grifo do redator. Mateus 18:15)
Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados por preço infinito, e estão vinculados a Ele pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado. Que cuidado devemos por isso exercer em nosso relacionamento! O ser humano não tem o direito de suspeitar mal de seu semelhante. Os membros da igreja não têm o direito de seguir seus próprios impulsos e inclinações no trato com irmãos que cometeram falhas. Não devem nem mesmo manifestar qualquer preconceito em relação a eles, porque assim fazendo implantam no espírito de outros o fermento do mal. [...] (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 260).
O Manual da Igreja Adventista, ao utilizar as palavras de Ellen White, procura demonstrar o valor do transgressor. Independentemente do que ele tenha feito, o transgressor, possui valor para Deus e deve ter valor para a igreja também.
“Todo o Céu toma interesse na entrevista que se efetua entre o ofendido e
o ofensor. Se este aceita a repreensão ministrada no amor de Cristo, reconhecendo
sua falta e pedindo perdão a Deus e ao irmão, a luz celestial lhe inundará
o espírito. [...] O Espírito de Deus torna a unir os corações e há no Céu música
pelo restabelecimento da união. [...]” (ibid., v. 7, p. 261-263).
3. A igreja deve lidar da melhor maneira com os erros dos outros
Quando o assunto é disciplina eclesiástica, o texto bíblico mais conhecido é o Mateus 18 onde após sentenciar que Deus não deseja que ninguém se perca e que vai atrás daquele que está perdido, Ele ensina qual deve ser a atitude de um cristão em relação a um irmão que o ofendeu.
Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. (Mateus 18:15-18).
Neste texto, Cristo coloca o irmão errante na mesma condição da ovelha que se extraviou pelo caminho. Seu foco está na privacidade da repreensão. Segundo alguns comentaristas, o termo “contra ti” pode ser ou não considerado. Cristo está mais preocupado em ensinar a igreja a maneira correta de lidar com o irmão errante do que com o teor de seu erro.
É impressionante que a atitude do membro representante da Igreja é semelhante ao do pastor que vai em busca da ovelha perdida, ou seja, é semelhante ao comportamento de Deus com relação ao ser humano, que mesmo errante, Deus foi atrás. “Seja qual for a natureza da ofensa, ela não impede que se adote o mesmo plano divino para dirimir mal-entendidos e ofensas.” (Testemunhos para a Igreja 7, 260).
Antes de levar o caso a público, o cristão deve seguir o “passo a passo” deixado pelo Mestre. O caso já se torna público quando chega ao conhecimento da Igreja
Aqui, a “igreja” é o corpo local de crentes agindo na sua capacidade corporativa, não a igreja universal, como em Mateus 16:18.
4. Devemos guardar-nos para não sermos tentados
Ao tratar do caso de alguém que errou, a Bíblia dá uma diretriz mencionando a forma como deve ser feita: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura” (Gálatas 6:1). Para empreender essa tarefa delicada, o versículo pressupõe uma capacitação que deve ter quem se aproxima de alguém que foi vencido pela tentação: ser espirituais, ou seja, possuir o fruto do Espírito – agirá com “brandura” (mansidão). O maior exemplo de mansidão é o de Cristo e os que seguem o seu exemplo serão bondosos e compassivos ao tratarem com seus irmãos Não criticarão, nem condenarão, nem serão apressados sem piedade para fazer cair a disciplina da igreja. Seu zelo pela justiça será temperado com misericórdia.
E o texto segue: “e guarda-te para que não sejas também tentado.” (Gálatas 6:1). Quando se pretende corrigir as falhas dos outros, deve cada um olhar a si mesmos. Os que desejam resgatar o seu próximo do pecado, devem estar com os pés sustentados em terreno firme. Não se pode perder de vista a preocupação por sua condição espiritual diante de Deus. Esse é um requisito imprescindível antes que se dedique a quem necessita de ajuda. Outra verdade importante que se deve levar em conta é que todos são propensos a errar e que ninguém está livre de cair. Tal compreensão com certeza nos livrará de mostrar uma atitude de quem crê que é mis santo e melhores que outros, quando procuramos apoiar e ajudar um irmão que caiu a se levantar. (CBASD, 2014, falta página).
Quando a pessoa que errou se arrepende e se submete à disciplina de Cristo, deve ter uma nova oportunidade. E mesmo que não se arrependa e venha ser excluída da igreja, os servos de Deus têm o dever de com ela tentar esforços, buscando induzi-la ao arrependimento. Se se render à influência do Espírito de Deus, dando prova de arrependimento, confessando o pecado e a ele renunciando, por mais grave que seja, deve merecer o perdão e ser de novo recebido na igreja. Aos irmãos compete encaminha-la pela vereda da justiça, trata-la como desejariam ser tratados em seu lugar, olhando por si mesmos para que não sejam do mesmo modo tentados. (Testemunhos para a Igreja 7, 263).
Aqui fica patente que todos são iguais, necessitados de auxílio e simpatia em suas fraquezas. A regra de ouro é: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Mateus 7:12). É um privilégio dado a cada membro da igreja o de restaurar um irmão em falta, porém, também uma responsabilidade. Deus deu esse privilégio à igreja, e fica a exortação de que ninguém, por mais avançado que esteja em sua escalada espiritual, está isento de pecar da mesma forma que o outro. Por isso o cuidado de não criticar e estar seguro de não cometer os mesmos erros, pois o trabalho de resgatar a ovelha perdida representa o trabalho do bom pastor que “veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 1:10).
A disciplina eclesiástica traz consigo algumas lições para a Igreja. Estas lições...
Quase nem seria necessário acrescentar que tal autoridade sobre a fé e a moral, e consequentemente também sobre a afiliação na igreja, só pode ser exercida quando isso é feito em plena harmonia com o ensino de Jesus ou, expressando-o em outros termos, com a Palavra de Deus. Jesus condenou em termos definidos qualquer ligamento ou desligamento arbitrário, caso em que a proibição e a permissão, a exclusão e admissão ou readmissão são equivalentes a uma transgressão do mandamento de Deus (15.1–20; 23.13). Quando uma pessoa é injustamente excluída da comunhão, o Senhor a acolhe (Jo 9.34–38).
5. Devemos perdoar e ajudar os membros da família de Deus
O Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia (ano, p. 165) orienta: “Assim como Deus perdoa, os membros da igreja são chamados a perdoar e aceitar aqueles que cometeram falhas (Is 54:5-8; Mt 6:14, 15; Ef 4:32)”. E acrescenta: “A Bíblia exorta à paciência, compaixão e ao perdão no cuidado cristão daqueles que erraram (Mt 18:10-20; Gl 6:1, 2). Quando membros estão sob disciplina, por censura ou por remoção do rol de membros, “a igreja, como um instrumento da missão de Deus, deve fazer todo esforço para manter solícito e edificante contato espiritual com eles.” (p. 165).
Não é tarefa fácil manter-se aprumado no bom senso no que diz respeito à disciplina na igreja, pois “requer delicado equilíbrio entre a firmeza de princípios, a concessão do perdão e amorosa bondade” (Guia para ministros, 155). Para isso é necessário prevenir-se de toda a dureza ao cuidar com os que cometem erros, e Ellen White ressalta que
precisamos também ser cuidadosos para não perder de vista a excessiva malignidade do pecado. Há necessidade de mostrar-se paciência e amor semelhantes aos de Cristo pelo que erra, mas há também o perigo de se mostrar tão grande tolerância pelo seu erro que ele se considerará não merecedor de reprovação e a rejeitará como inoportuna e injusta. (WHITE, 2006, p. 503, 504).
Como já foi visto anteriormente, Deus investiu sua igreja de autoridade para aplicar a disciplina eclesiástica e que “o amor precede o castigo”, por consequência, ao amor está atrelado o perdão. Com relação a este componente da disciplina eclesiástica, Paulo instrui a igreja de Corinto: “De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.” (2 Coríntios 2:7-8).
O perdão, que faz parte da disciplina, é essencial no processo da educação espiritual, é o que acelera o processo de restauração como um curativo cicatrizante da ferida causada pela queda que tornou necessária uma intervenção. É o perdão um poderoso remédio.
Nenhuma pessoa, depois de ter sido repreendida e censurada, pode conseguir se auto restaurar e se levantar para prosseguir com ânimo, sacudir a poeira e redirecionar sua vida sem a manifestação de perdão pela parte disciplinadora. Quem não é perdoado não tem poder para mudar. O perdão dá esse poder. O perdão da igreja pode, como disse o apóstolo Paulo, ajudar a pessoa a não ficar vencida “por excessiva tristeza”.
Não sendo assim, a disciplina perde seu efeito restaurador e, em vez de proporcionar uma abertura e reconhecimento do amor na ação corretora, o resultado será o endurecimento do coração. Seguramente esse não é o rumo esperado. Se o amor a Cristo e ao irmão em falta não for a motivação para repreender, então a repreensão faz mais mal do que bem. Em vez de restaurar, aprofunda o dano, afasta o indivíduo.
A seriedade desse assunto é tão grande que:
“Quando se consideram ofendidos pelos irmãos, alguns recorrerão mesmo à justiça, em vez de seguirem a regra dada pelo Salvador. Mesmo muitos que parecem cristãos conscienciosos, são pelo orgulho e estima própria impedidos de ir em particular àqueles que eles julgam estar em erro, para tratarem do caso no espírito de Cristo, e orarem uns pelos outros. Contendas, discórdias e processos entre irmãos são uma desgraça para a causa da verdade.” (Testemunhos para a Igreja 5, 242).
Se o objetivo da disciplina é restaurar pecadores, assim como “o Bom Pastor deu prioridade a uma ovelha que estava perdida” e “foi atrás dela não para culpá-la ou puni-la, mas para levá-la de volta ao aprisco”, então convém seguir o exemplo dEle ao tratar com as ovelhas do seu rebanho. “O ato de disciplinar deve ser um meio de alguém que está desviado voltar ao rebanho”. “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lc 17:3, 4).
6. Como deve ser o procedimento
Segundo o Guia para ministros, são responsáveis pela disciplina na igreja, os pastores e as congregações e, esses, são descritos como "atalaias" colocados por Deus. (Citação). Falando sobre essa função, assim descreve Ezequiel: A ti, pois, ó fi lho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da Minha boca e lhe darás aviso da Minha parte. Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue Eu o demandarei de ti. Mas, se falares ao perverso, para o avisar do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma” (Ez 33:7-9).
6.1 Pastor: Guia para ministros
O Guia para Ministros apresenta alguns passos a serem seguidos que orientam o pastor na administração da disciplina.
6.1.1 "Siga o Manual da Igreja. O Manual da Igreja representa a compreensão adventista dos princípios bíblicos de disciplina e sua sabedoria, desenvolvidos através de experiência e discussão. Ignorar o Manual significa ir na contramão da posição oficial da igreja mundial. Use-o tanto como guia e também como proteção para aqueles que precisam lidar com assuntos disciplinares. A falha em seguir esses procedimentos pode, em alguns casos, ser passível de responsabilidade legal".(p. 156, 157).
6.1.2 "Enfatize o perdão. As pessoas que são disciplinadas podem ver esse processo como rejeição e punição, antes que uma tentativa de restauração. Podem achar difícil crer que Deus as perdoa quando os membros da igreja aparentemente não o fazem. Assim, qualquer ato de disciplina precisa ser acompanhado da ênfase no perdão". (p. 157).
"Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lc 17:3, 4).
6.1.3 "Disciplina bíblica. As palavras de Jesus registradas em Mateus 18:15-17 esboçam o procedimento a ser seguido no trato com o pecado na igreja. Primeiramente, dirija-se à pessoa e trate do assunto diretamente com ela. Se isso não resolver, faça-se acompanhar de uma ou duas testemunhas. Se o problema persistir, leve o assunto à igreja. Se o culpado não ouvir a igreja, considere-o como excluído da igreja." (p.157).
6.2 Ancião: Guia para anciãos
6.3 Secretária: Guia para secretárias
6.4 Igreja: Manual da igreja
"Disciplina por Censura – Em casos em que a ofensa não é considerada pela igreja tão séria que demande a medida extrema da remoção da qualidade de membro, a igreja pode expressar sua desaprovação mediante um voto de censura." (p. 65)
"Disciplina por Remoção da Condição de Membro – A remoção de um indivíduo de sua condição de membro da igreja, o corpo de Cristo, é a disciplina f inal que a igreja pode administrar. Unicamente após haver seguido a instrução dada neste capítulo, depois da orientação do pastor ou da Associação, quando o pastor estiver indisponível, e depois de terem sido feitos todos os esforços para conquistá-lo e restaurá-lo ao caminho certo, deve um indivíduo ser removido de sua posição de membro da igreja." (p.65).
REFERÊNCIAS
COMENTÁRIO bíblico Adventista do Sétimo Dia: Atos a Efésios. Edição de Vanderlei Dorneles; Tradução de Rosangela Lira et al.; Revisão de Luciana Gruber. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014
WHITE, Ellen G. Atos dos apóstolos: na proclamação do evangelho de Jesus Cristo. Tradução de Carlos Alberto Trezza. 10. ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006.
GUIA para ministros adventistas do sétimo dia: preparado pela Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Tradução de César Luís Pagani. 6. ed. Tatuí - SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010.
Hendriksen, W. Mateus. (V. G. Martins, Trad.) (2a edição em português, Vol. 2, p. 183). Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010.
Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Trad. Ranieri Sales. 22. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016.