domingo, 27 de abril de 2025

Conhecimento: Senso Comum, Ciência e Revelação — Qual é o Mais Confiável?



Introdução

Em um mundo saturado de informações, distinguir entre diferentes níveis de conhecimento é essencial. Aprendemos pela experiência cotidiana, confiamos na ciência para entender o mundo e buscamos respostas mais profundas na revelação divina. Mas como esses três tipos de conhecimento se relacionam? E qual deles deveria guiar nossa vida?

Neste artigo, vamos explorar a distinção entre senso comum, conhecimento científico e revelação, mostrando como teólogos clássicos, adventistas e até Ellen G. White abordaram essa questão crucial.


Os Três Níveis de Conhecimento


1. Senso Comum

O senso comum é o conhecimento adquirido pela experiência diária. Ele é formado por observações práticas, tradições culturais e percepções intuitivas. Embora útil, o senso comum pode ser falho, contraditório ou supersticioso. Exemplo: A crença de que "tomar chá cura gripe" é senso comum — algo baseado em experiência, mas não cientificamente comprovado.

Conexão bíblica: Paulo fala da sabedoria popular limitada em 1 Coríntios 1:20 — “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?”


2. Conhecimento Epistemológico (Científico)

O conhecimento científico é o resultado da observação sistemática, experimentação e raciocínio lógico. Ele é mais confiável que o senso comum, pois se baseia em métodos rigorosos para testar hipóteses e validar resultados. Exemplo: A teoria da gravidade foi desenvolvida por observação e experimentação, e não apenas pela percepção comum.

Conexão bíblica: A ciência verdadeira é um caminho para conhecer mais sobre Deus, como sugere o Salmo 19:1 — "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos."


3. Revelação Divina

A revelação é o conhecimento que vem diretamente de Deus. Através da Bíblia, dos profetas e, principalmente, de Jesus Cristo, Deus revela verdades inacessíveis pela razão humana ou pela observação científica. Exemplo: A doutrina da salvação pela graça, ou a revelação da Nova Jerusalém, não podem ser descobertas pela ciência ou pelo senso comum — são recebidas pela fé.

Conexão bíblica: Em Amós 3:7 está escrito — “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.”


O Que Dizem Grandes Teólogos?

Augustus Strong, em sua Teologia Sistemática, destacou que a natureza e a consciência humana revelam Deus de forma limitada, mas só a revelação bíblica fornece conhecimento suficiente para a salvação.

Strong fala de três fontes de conhecimento de Deus:

  • A Natureza
  • A Consciência
  • A Revelação Escrita (Bíblia)

Ele diz que a natureza e a consciência (senso comum e ciência) podem revelar muito sobre Deus, mas são insuficientes para o conhecimento salvífico. Só a revelação especial (Bíblia) é suficiente.


Millard Erickson também defende que o conhecimento especial (revelação) é necessário para entender quem é Deus e o plano da redenção.

No seu livro Teologia Sistemática (muito usado em seminários), ele descreve:

  • Conhecimento geral: aquilo que é acessível pela observação e razão humanas.
  • Conhecimento especial: aquilo que é dado por intervenção direta de Deus (Escritura, Cristo, milagres).

Ele reforça que o conhecimento geral é importante, mas é incompleto sem a revelação especial.


Richard Rice, teólogo adventista, afirmou em A Luta pelo Sentido que experiência, razão e revelação se complementam, mas que a revelação é a chave para entender o propósito da vida.

  • Experiência (senso comum) nos dá uma visão prática da vida.
  • Razão (ciência/filosofia) aprofunda essa visão.
  • Revelação (Bíblia) dá o sentido final e verdadeiro da existência.

Segundo Rice, nenhum conhecimento é completo sem a revelação divina, especialmente no que diz respeito a Deus e ao propósito da vida.


Conclusão

O conhecimento humano é precioso, mas também é limitado. O senso comum nos ajuda a sobreviver, a ciência nos ajuda a prosperar, mas apenas a revelação divina nos aponta para a eternidade.

Para uma vida plena e significativa, precisamos reconhecer a utilidade de todos os níveis de conhecimento, mas sempre permitir que a revelação tenha a palavra final.

Em um mundo de vozes confusas, escolher ouvir a voz de Deus faz toda a diferença.



REFERÊNCIAS 

STRONG, Augustus Hopkins. Systematic Theology: A Compendium Designed for the Use of Theological Students and for General Readers. Valley Forge, PA: Judson Press, 1907. (Capítulo sobre "Revelation").

ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2001. (Capítulos sobre Revelação e Escritura).

RICE, Richard. A Luta pelo Sentido: Teologia do Sofrimento e da Esperança. 1. ed. São Paulo: Editora UNASP, 2001. Capítulo 2.

A BÍBLIA. Tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.


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