Introdução
Em um mundo saturado de informações, distinguir entre diferentes níveis de conhecimento é essencial. Aprendemos pela experiência cotidiana, confiamos na ciência para entender o mundo e buscamos respostas mais profundas na revelação divina. Mas como esses três tipos de conhecimento se relacionam? E qual deles deveria guiar nossa vida?
Neste artigo, vamos explorar a distinção entre senso comum, conhecimento científico e revelação, mostrando como teólogos clássicos, adventistas e até Ellen G. White abordaram essa questão crucial.
Os Três Níveis de Conhecimento
1. Senso Comum
O senso comum é o conhecimento adquirido pela experiência diária. Ele é formado por observações práticas, tradições culturais e percepções intuitivas. Embora útil, o senso comum pode ser falho, contraditório ou supersticioso. Exemplo: A crença de que "tomar chá cura gripe" é senso comum — algo baseado em experiência, mas não cientificamente comprovado.
Conexão bíblica: Paulo fala da sabedoria popular limitada em 1 Coríntios 1:20 — “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?”
2. Conhecimento Epistemológico (Científico)
O conhecimento científico é o resultado da observação sistemática, experimentação e raciocínio lógico. Ele é mais confiável que o senso comum, pois se baseia em métodos rigorosos para testar hipóteses e validar resultados. Exemplo: A teoria da gravidade foi desenvolvida por observação e experimentação, e não apenas pela percepção comum.
Conexão bíblica: A ciência verdadeira é um caminho para conhecer mais sobre Deus, como sugere o Salmo 19:1 — "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos."
3. Revelação Divina
A revelação é o conhecimento que vem diretamente de Deus. Através da Bíblia, dos profetas e, principalmente, de Jesus Cristo, Deus revela verdades inacessíveis pela razão humana ou pela observação científica. Exemplo: A doutrina da salvação pela graça, ou a revelação da Nova Jerusalém, não podem ser descobertas pela ciência ou pelo senso comum — são recebidas pela fé.
Conexão bíblica: Em Amós 3:7 está escrito — “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.”
O Que Dizem Grandes Teólogos?
Augustus Strong, em sua Teologia Sistemática, destacou que a natureza e a consciência humana revelam Deus de forma limitada, mas só a revelação bíblica fornece conhecimento suficiente para a salvação.
Strong fala de três fontes de conhecimento de Deus:
- A Natureza
- A Consciência
- A Revelação Escrita (Bíblia)
Ele diz que a natureza e a consciência (senso comum e ciência) podem revelar muito sobre Deus, mas são insuficientes para o conhecimento salvífico. Só a revelação especial (Bíblia) é suficiente.
Millard Erickson também defende que o conhecimento especial (revelação) é necessário para entender quem é Deus e o plano da redenção.
No seu livro Teologia Sistemática (muito usado em seminários), ele descreve:
- Conhecimento geral: aquilo que é acessível pela observação e razão humanas.
- Conhecimento especial: aquilo que é dado por intervenção direta de Deus (Escritura, Cristo, milagres).
Ele reforça que o conhecimento geral é importante, mas é incompleto sem a revelação especial.
Richard Rice, teólogo adventista, afirmou em A Luta pelo Sentido que experiência, razão e revelação se complementam, mas que a revelação é a chave para entender o propósito da vida.
- Experiência (senso comum) nos dá uma visão prática da vida.
- Razão (ciência/filosofia) aprofunda essa visão.
- Revelação (Bíblia) dá o sentido final e verdadeiro da existência.
Segundo Rice, nenhum conhecimento é completo sem a revelação divina, especialmente no que diz respeito a Deus e ao propósito da vida.
Conclusão
O conhecimento humano é precioso, mas também é limitado. O senso comum nos ajuda a sobreviver, a ciência nos ajuda a prosperar, mas apenas a revelação divina nos aponta para a eternidade.
Para uma vida plena e significativa, precisamos reconhecer a utilidade de todos os níveis de conhecimento, mas sempre permitir que a revelação tenha a palavra final.
Em um mundo de vozes confusas, escolher ouvir a voz de Deus faz toda a diferença.
REFERÊNCIAS
STRONG, Augustus Hopkins. Systematic Theology: A Compendium Designed for the Use of Theological Students and for General Readers. Valley Forge, PA: Judson Press, 1907. (Capítulo sobre "Revelation").
ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2001. (Capítulos sobre Revelação e Escritura).
RICE, Richard. A Luta pelo Sentido: Teologia do Sofrimento e da Esperança. 1. ed. São Paulo: Editora UNASP, 2001. Capítulo 2.
A BÍBLIA. Tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. 2. ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

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